MANAUS – O preço negociado pela Petrobras para a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman) à Atem Distribuidora de Petróleo é cerca de 70% inferior ao seu valor em comparação com os cálculos estimados em estudo realizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
De acordo com os parâmetros utilizados pelo instituto, a refinaria localizada em Manaus está avaliada com um valor mínimo, pelo câmbio mais elevado deste ano, de US$ 279 milhões, quando o valor negociado pela estatal com o potencial comprador foi de US$ 189 milhões.
Os pesquisadores do Ineep Eduardo Costa Pinto, Henrique Jäger, Rafael da Costa e Rodrigo Leão assinam o estudo e dizem que “os dados revelam que a Reman tem um potencial importante de geração de caixa futura, o que, pelas premissas que achamos adequadas, pode estar sendo subvalorizada nesse momento de venda”.
Metodologia
“Para realizar o valor da Reman, o Ineep utilizou o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), que se baseia no valor presente dos fluxos de caixa, projetando-os para futuro. Do resultado, são descontadas: taxa que reflete o risco do negócio, despesas de capital (investimento em capital fixo) e necessidade adicionais de giro”, informam os pesquisadores.
“Este fluxo de caixa é calculado tanto para a empresa como para o acionista. Trata-se de um modelo de cálculo que apresenta o maior rigor técnico e conceitual, sendo, por isso, o mais indicado e adotado na avaliação de empresas”, acrescentam.
Cenários da Reman
O estudo se baseia em dois cenários, considerando um piso cambial de US$ 5,15 e um pico de US$ 5,83. Essa faixa foi adotada em função da alta volatilidade cambial da economia brasileira no cenário de negociação do ativo. A partir desses dois cenários, e baseando-se nesses piso e pico cambial, o estudo conclui que a refinaria pode valer de US$ 279 milhões a US$ 365 milhões.
No entanto, como a Petrobras não apresenta valores “isolados” de cada refinaria, para estimar as receitas e despesas da Reman o Ineep fez um “rateio” dos dados disponibilizados pela empresa. Ou seja, esse valor pode variar, dependendo das despesas efetivas da refinaria.
Em relação às receitas do Reman, foram levadas em conta a produção dos derivados da refinaria, a capacidade de produção, entre outras informações. Também foi utilizado o valor das exportações de derivados do estado do Amazonas para se chegar a um número aproximado para a exportação dos derivados da refinaria. Já para o cálculo das despesas da carga fresca processada utilizou-se um preço médio do Brent.
Já em relação às despesas, o Ineep realizou o “rateio” para Reman, a partir dos dados disponíveis de custo de produção e refino, bem como das despesas administrativas. Com essas informações, o instituto utilizou dois cenários possíveis. Para o primeiro, trabalha com a manutenção das despesas atuais para os próximos anos. No segundo, prevê 75% das despesas de vendas da refinaria do cenário base para o cálculo do seu fluxo de caixa livre.
As informações foram divulgadas pelo site do instituto.