MANAUS – O governador Wilson Lima (PSC) admitiu que o Amazonas está em situação de emergência ambiental, em referência ao avanço do desmatamento e de queimadas ilegais no estado.
A declaração de Wilson foi dada na manhã desta segunda-feira, 16, durante evento onde anunciou o investimento de R$ 615 mil em novos equipamentos para estruturar brigadas no sul do estado e ampliação de efetivo e novas tecnologias para a Operação Tamoiotatá.
“O estado do Amazonas não vai tolerar e vai agir com todo rigor para combater os crimes ambientais. Nós estamos em situação de emergência ambiental. Tem muita gente se utilizando desse momento para confundir as nossas equipes com o pretexto da produção. Tem muita gente agindo na ilegalidade, grilando terras e prejudicando aquele que está produzindo e que tenta todos os dias se regularizar para desenvolver uma atividade econômica”, disse o governador.
Os equipamentos foram apresentados no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), zona sul de Manaus, com presença de servidores e fiscais das secretarias e órgãos fiscalização ambiental e segurança pública, que atuam de forma integrada na Operação Tamoiotatá, deflagrada em abril deste ano nos municípios do chamado arco do desmatamento, no sul do estado.
Ao todo, o governador entregou mais de 4,6 mil itens operacionais e equipamentos que vão auxiliar o trabalho em campo de equipes da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBAM), Defesa Civil do Estado, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), além de brigadistas capacitados pelo Governo do Estado.
Os itens entregues incluem drones com autonomia de voo de três horas, que cobrem um raio de até 100 quilômetros e possuem câmeras especiais: uma termal, para identificar focos de calor, e outra multiespectral – composta por múltiplos sensores. Também foram entregues abafadores, óculos de proteção e bolsas de hidratação, itens adquiridos pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), por meio do projeto “Floresta Viva”, que conta com verbas repatriadas da operação “Lava Jato”.
Reforço de efetivo – A força-tarefa da Operação Tamoiotatá passará a contar com 312 pessoas, sendo 137 servidores estaduais e 175 brigadistas capacitados pelo Estado, para fortalecer o combate ao desmatamento e às queimadas ilegais.
Do total, 200 ficarão divididos em três bases, localizadas em Apuí, Humaitá e Lábrea (a 453, 590 e 702 quilômetros de Manaus, respectivamente), ampliando a cobertura contra a degradação ambiental na região sul do Amazonas, considerada de maior vulnerabilidade no estado para crimes contra o meio ambiente relacionados à grilagem, uso irregular de terras, extração ilegal de madeira e garimpo.
O reforço de efetivo contará com equipes da Sema, Ipaam, SSP-AM, PMAM, CBMAM e da Foça Nacional de Segurança, que integrará as ações do Estado por meio da Operação Guardiões do Bioma.
Também terá a participação de servidores da Polícia Civil do Amazonas, por meio da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Urbanismo (Dema); e das Secretarias Executiva-Adjunta de Planejamento e Gestão Integrada (Seagi), de Operações (Seaop) e de Inteligência (Seai), vinculadas à SSP-AM. Viaturas também serão enviadas para o sul do Amazonas, destacou o secretário de Segurança Pública, general Mansur.
“Serão mais de 14 viaturas 4×4, teremos duas viaturas grandes do Corpo de Bombeiros atuando e 10 motocicletas também atuando ali naquela área. E de efetivo, considerando Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil, nós temos 150 agentes policiais envolvidos na operação”, disse o secretário da SSP-AM.
Do reforço de efetivo na operação Tamoiotatá, há 112 brigadistas florestais, capacitados pelo Governo do Estado para atuar na contenção de pequenos e médios focos de calor, assim divididos: Manicoré (20 brigadistas), Novo Aripuanã (24 brigadistas), Boca do Acre (38 brigadistas) e Canutama (30 brigadistas).
“O que a gente tem feito, com a determinação do governador, é aumentar a equipe e o contingente de pessoal nesses municípios, para que a gente tenha uma resposta mais rápida do monitoramento que a gente já faz, integrado com a Secretaria de Segurança Pública, Ipaam e Secretaria de Meio Ambiente”, disse o secretário da Sema, Eduardo Taveria.
Novas tecnologias – As ações em campo da operação serão ampliadas, ainda, com o uso de geotecnologia para monitoramento ambiental remoto, que inclui uso de drones, com investimentos de R$ 1,7 milhão, provenientes do Banco Alemão de Desenvolvimento KfW, fruto de um contrato firmado com Governo do Amazonas, por meio da Sema, para execução do Projeto de Prevenção e Combate ao Desmatamento e Conservação da Floresta Tropical no Amazonas (Profloram).
Com recursos da mesma parceria com o KfW, também serão destinados R$ 2,6 milhões para a remuneração de 240 brigadistas por um período de seis meses. Esta é a primeira vez em que brigadistas serão remunerados para atuar no combate às queimadas ilegais no Amazonas.
Satélites – Na ocasião, o Ipaam anunciou a adesão ao Programa Brasil M.A.I.S – Meio Ambiente Integrado e Seguro – um dos projetos estratégicos do Ministério da Justiça e Segurança (MJSP), que vai reforçar o monitoramento de crimes ambientais. Com o uso de satélites, a ferramenta permitirá a geração de imagens de alta resolução e com capacidade de cobertura diária de todo território nacional, possibilitando a identificação de queimadas, desmatamento, mineração irregular, dentre outros.
“Esta ferramenta possui 130 satélites dedicados. Esses satélites possuem uma alta resolução, de 3 metros de resolução espacial e 12 bytes de resolução radiométrica, com quatro bandas espectrais. E permite monitorar, acompanhar detalhes de uma determinada área. O governo brasileiro cedeu e o Governo do Estado do Amazonas integrou a esta base”, explicou o diretor-presidente do Ipaam, Juliano Valente.
Operação Tamoiotatá – Lançada em abril de 2021, a operação já embargou um total de 5.715 hectares de área desmatada de forma irregular no sul do Amazonas, o equivalente a cerca de oito mil campos de futebol. Os crimes ambientais resultaram em R$ 31,1 milhões aplicados em autos de infração.
Durante a operação, no município de Humaitá, o Batalhão de Policiamento Ambiental (BPAmb), da PMAM, fez a maior apreensão de carga ilegal de madeira deste ano, até o momento. Em um porto particular, foram encontrados cerca de 600 metros cúbicos de madeira, extraídos de forma criminosa da floresta amazônica, para serem vendidos nos estados de Minas Gerais e Santa Catarina. A carga foi avaliada em R$ 2 milhões.