MANAUS – Durou cerca de 10 minutos o desfile militar previsto para ocorrer em Brasília (DF) nesta terça-feira (10), mesmo dia em que a Câmara dos Deputados analisa em plenário a PEC do voto impresso. A sessão está marcada para começar às 15h.
Parlamentares independentes e da oposição interpretaram o desfile atípico como uma tentativa de intimidação em prol do voto impresso, defendido por Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
Nesta manhã, a Marinha passou com blindados e outros veículos militares em frente ao Palácio do Planalto para entregar um convite ao presidente Jair Bolsonaro assistir a um exercício militar que ocorre todos os anos na cidade goiana de Formosa, no Entorno de Brasília. Participam da chamada operação “Formosa” veículos que saem do Rio de Janeiro.
Apesar de o evento ser anual (realizado desde 1988) e o presidente da República da vez ser sempre convidado, não é comum que seja organizado um desfile para fazer o convite.
Bolsonaro recebeu o convite no alto da rampa do palácio, das mãos de um militar. O presidente estava acompanhado de ministros do governo e dos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica. Segundo o G1, todos estavam sem máscara contra a Covid-19. Contudo, o militar que entregou o convite estava.
Reprodução/CNN
O site Congresso em Foco observou que o convite “poderia ser enviado por email”.
Sobre o contexto que envolve o desfile militar, o veículo especializado na cobertura política em Brasília destacou que Bolsonaro tem, reiteradas vezes, acusado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de ser conivente com fraudes nas urnas eletrônicas, apesar de não apresentar provas. Ele também já afirmou, em mais de uma ocasião que as eleições de 2022 estão sob ameaça de não ocorrerem caso o voto impresso não seja implantado no Brasil.
A Folha de S. Paulo registrou que, durante a passagem dos veículos, um grupo de apoiadores de Bolsonaro se reuniu na Praça dos Três Poderes e entoou gritos em defesa da intervenção militar. Eles gritaram “Eu Autorizo” e “142”, em referência a dispositivo constitucional que bolsonaristas dizem justificar uma eventual intervenção fardada.
Um dia antes, em meio à polêmica causada pelo desfile de blindados, Jair Bolsonaro postou em suas redes sociais um convite para que autoridades de Brasília, como os presidentes das Casas Legislativas e do Judiciário, também recebam os veículos militares – o que não aconteceu até o fechamento deste texto.
A Folha destaca que o desfile dos veículos militares provocou reação por ocorrer em um momento de tensão institucional, além de ser a data prevista para que a Câmara dos Deputados vote a proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. Bolsonaro já assume a possibilidade de derrota.
“Mesmo aliados do presidente reagiram ao evento militar. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que se trata de uma ‘coincidência trágica’ que o desfile dos blindados aconteça no mesmo dia previsto para a votação da PEC”, diz trecho da matéria da Folha.
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