MANAUS – O jornal Folha de S. Paulo publicou nesta terça-feira (20) em sua versão impressa um editorial criticando a gestão da segurança pública do Governo do Amazonas. Intitulado “Estado policial”, o texto afirma que o governo “entrega postos-chave da gestão” a policiais militares e registra “um acúmulo de chacinas”.
O editorial cita a morte de 17 suspeitos de tráfico (entre eles adolescentes) durante ação da polícia no bairro Crespo, em 2019, além da matança no rio Abacaxis em 2020 e, já neste ano, o assassinato de sete jovens em Tabatinga. Nas três ocasiões, as mortes em série ocorreram em retaliação policial.
A publicação também ressalta o envolvimento de servidores da segurança em crimes como tráfico e a prisão do então secretário adjunto de Inteligência Samir Freire, suspeito de usar estrutura pública em benefício próprio por meio de extorsão.
“A onda conservadora que levou Jair Bolsonaro ao Planalto em 2018 também elegeu governadores e parlamentares defensores do endurecimento da ação policial e de interesses das corporações da segurança pública. O Amazonas constitui hoje um exemplo de quão deletéria pode ser essa combinação”, afirma o texto, que expressa a opinião da Folha
“Neófito na política e à frente do estado graças à popularidade como apresentador de um programa de TV policialesco, Wilson Lima (PSC) entregou as pastas de Segurança Pública e de Administração Penitenciária a coronéis da PM. Os resultados são calamitosos”, prossegue.
Após apresentar o cenário de violência policial e o envolvimento de servidores em crimes, o jornal diz que, enquanto isso, “a população amazonense não deixa de padecer com a ousadia do crime organizado”. “Em junho, numa inédita demonstração de força, o Comando Vermelho incendiou e depredou ônibus, prédios públicos e viaturas em Manaus e em outras cidades”.
O jornal conclui dizendo que, apesar do cenário desolador, “Wilson Lima não dá sinais de que mudará de rumo”. “O Amazonas está refém, pois, de uma nefasta união de ideologia e corporativismo que resulta em péssima política pública. Que ao menos sirva de alerta às outras unidades da Federação e à sociedade”, finaliza.
O ESTADO POLÍTICO pediu um posicionamento do Governo do Estado e aguarda resposta.
Abaixo, confira o editorial na íntegra:
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