MANAUS – Dois meses antes de serem presos na operação Custo Político (2ª fase da Maus Caminhos), os ex-secretários de Saúde do Amazonas Wilson Alecrim e Pedro Elias de Souza prestaram depoimento ao Ministério Público Estadual (MP-AM), no inquérito que investiga pagamentos de R$ 4,8 milhões feitos pelo Governo do Amazonas (entre os anos de 2012 e 2017) ao hospital privado Sírio-Libanês (São Paulo-SP).
A investigação apura a legalidade dos gastos, que tiveram por objetivo pagar tratamentos de saúde de membros do Judiciário, políticos, parentes e amigos de pessoas ligadas a agentes públicos do Estado. Os dois ex-secretários disseram que, “de uma forma geral”, era “praxe” as famílias dos referidos pacientes procurarem a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) para pedir que o órgão pagasse a conta do hospital. Segundo o MP-AM, os pedidos eram aceitos.
De acordo com documentos da investigação aos quais o ESTADO POLÍTICO teve acesso, Wilson e Pedro Elias foram ouvidos no dia 17 de outubro de 2017 pela promotora Cláudia Maria Raposo da Câmara. No período ao qual a investigação se concentra, segundo o Inquérito Civil nº 005.2016.000116, governaram o Estado do Amazonas o hoje senador Omar Aziz (PSD) e o ex-governador José Melo. O caso estará no programa “Fantástico” (Globo) deste domingo (8). A chamada da matéria foi exibida no Jornal Nacional de sábado (7). A imprensa local noticiou o assunto em 2016.
Linha do tempo
Alecrim foi secretário estadual de Saúde de 2004 a 2008 (período do governo de Eduardo Braga – MDB) e de 2010 a 2015 (período do governo de Omar e início do de Melo). Pedro Elias foi titular do cargo de julho de 2015 a fevereiro de 2017 (governo de Melo). Dois meses depois de prestarem as informações ao MP-AM, no dia 13 de dezembro de 2017, Alecrim e Pedro Elias foram presos pela Polícia Federal (PF), no âmbito da operação Maus Caminhos. Os casos não têm relação.
A denúncia foi apresentada ao MP-AM em conjunto, no ano de 2016, pela Associação dos Transplantados de Fígado e Portadores de Doenças Hepáticas do Estado do Amazonas, pela Associação de Moradores da Comunidade Bom Jardim – antigo Riacho Doce 2 e pelo Instituto Amazônico de Cidadania (Iaci). / L.P.