MANAUS – Em visita a São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, nesta quinta-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro cumprimentou indígenas sem máscara, defendeu tratamento sem comprovação científica para a Covid-19 e provocou o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM). Bolsonaro também voltou a defender o uso das Forças Armadas contra medidas restritivas determinadas por estados e municípios.
Oficialmente, Bolsonaro foi ao município para inaugurar uma ponte de madeira. Logo ao desembarcar, tirou a máscara que usava para cumprimentar cerca de 200 simpatizantes – a cena foi registrada pela Rede Amazônica (veja abaixo). No evento de inauguração da ponte, o presidente também retirou a máscara para cumprimentar indígenas. Por onde passou, Bolsonaro provocou aglomeração de pessoas.
Reprodução/Rede Amazônica
Depois, em live nas redes sociais, Bolsonaro comparou chás usados por indígenas a medicamentos do chamado “tratamento precoce”, que não têm recomendação em bula para tratar pessoas acometidas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).
“Poderia a nossa querida CPI do Senado, que tem lá como presidente o senador Omar Aziz, eu sei que você não pode convocar, porque os índios não se enquadram nesta questão de convocação, são protegidos por lei, mas poderiam convidar para ouvi-los e levar, quem sabe aí, o chá de carapanaúba, saracura e jambu lá nos balaios”, afirmou.
Para não ter sua transmissão derrubada pelas plataformas, o presidente chamou a cloroquina de “aquilo que eu mostrei à ema”. “Não mata, pessoal. Não mata. Assim como esse chá aqui não mata”, afirmou.
Bolsonaro voltou a criticar um projeto de lei apresentado Omar Aziz (já retirado de tramitação a pedido do autor) que tipificava como crime a prescrição de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais sem comprovação científica.
“Era para me atingir também. Se eu voltasse a falar aquilo que eu mostrei para a ema, eu também pegaria três anos de cadeia. Omar Aziz, parabéns, Omar Aziz, presidente da CPI, tu que é do estado do Amazonas. Estou no teu estado aqui, que vergonha, hein?”, disse. “Essa é a nossa CPI da Covid”, emendou.
Na sequência, Bolsonaro fez referências indiretas às investigações da operação Maus Caminhos, que na fase de investigação implicou Omar e familiares do senador, embora ele não tenha sido formalmente denunciado à Justiça.
“Omar Aziz, pelo amor de Deus, né, eu não quero entrar em detalhe aqui para discutir como era a saúde no teu estado o tempo que o senhor foi governador aqui e o que aconteceu depois”, declarou.
Na trasmissão, Bolsonaro disse que “ninguém aguenta mais esses lockdowns, estes isolamentos por aí”. “Ninguém aguenta mais isso. Respeitamos, lamentamos as mortes? Lamentamos. Todas as mortes. Todas as mortes, sem exceção. A morte é uma coisa que todo mundo, o óbvio, todo mundo vai passar por ela e não vai sentir”, afirmou.
Almoço
Durante o almoço com militares, ao lado do ministro da Defesa, Braga Netto, e do comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, Bolsonaro discursou. Aos militares, ele disse “somos seres políticos” e que os membros das Forças Armadas decidem como as pessoas vão viver. “Vocês é que decidem, em qualquer país do mundo, como aquele povo vai viver. Ninguém está aqui para fazer discurso político, mas somos seres políticos. Se Deus deu essa missão para nós, vamos aproveitá-la no bom sentido”.
Além do divino, Bolsonaro citou um “inimigo” que teria interesse na Amazônia. “Interesses, há muitos, todos sabem, sobre essa região. O inimigo tem paciência, tem estratégia e tem objetivo. E ele só será vitorioso se nós esmorecermos”.
O general Paulo Sérgio está decidindo a punição que será aplicada ao general Eduardo Pazuello pela participação do ex-ministro da Saúde na “motociata” a favor do governo na última semana. Militares são proibidos por de participarem de atos políticos.
Fotos: Marcos Corrêa/PR
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