MANAUS – A imprensa nacional noticia que na noite deste domingo (31), véspera da eleição para a Câmara dos Deputados, que o DEM decidiu não apoiar o candidato do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (RJ), filiado ao partido, que tem 31 deputados. O candidato de Maia é Baleia Rossi (SP), do MDB.
O racha se dá porque parte da bancada da legenda prefere Arthur Lira (PP-AL), candidato do Centrão apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Assim, a executiva nacional do DEM adotou, por unanimidade a neutralidade. Em outra palavras, deixou os seus parlamentares livres para votar em quem quiser.
“Havia uma pressão grande de alguns deputados para que a sigla migrasse de bloco e passasse a integrar o grupo de apoio a Lira”, diz matéria da CNN Brasil, assinada pela colunista Renata Agostini.
O jornal digital Poder 360 informa que “DEM e PSDB abandonam bloco de Baleia Rossi e Maia ameaça com impeachment“, acrescentando que a legenda tucana também aderiu à liberação das bancadas e relata ainda a ameaça da abertura do processo de impedimento de Bolsonaro, prerrogativa do presidente da Câmara.
“Obviamente o pedido de impeachment pode ser rejeitado pelo plenário da Câmara, mas o processo é custoso e demorado”, relata a matéria do Poder 360.
O G1 segue na mesma linha. Afirma que “Em reunião tensa, Maia diz que pode aceitar pedido de impeachment”. “Maia disse que, com esse golpe provocado pelo grupo de Bolsonaro, não teria outra alternativa a não ser aceitar um dos pedidos de impeachment contra o presidente da República”, diz o texto do G1, assinado pelas colunistas Natuza Nery e Andréia Sadi.
“Políticos que estiveram na reunião aconselham Maia a autorizar não só um, mas todos os pedidos de impeachment que hoje estão na gaveta contra Bolsonaro”, prossegue a matéria do G1. Na sequencia observa que “há um outro grupo de Maia defendo que ele não aceite, que seria ‘casuísmo’ fazer isso no apagar das luzes de sua gestão”.
A revista Veja, em reportagem de Marcela Mattos, informa que Maia não participou do encontro deste domingo. E que com a decisão pela neutralidade, a expectativa é que o partido entregue a maioria dos votos a Arthur Lira. “Lideranças do grupo pró-Lira estimam 18 dos 31 votos do DEM ao progressista. Já deputados ligados a Rodrigo Maia afirmam que o cálculo é superestimado, mas tampouco fazem previsões otimistas para Rossi”, reporta.
A votação, que se será secreta, está prevista para ter início às 19h de segunda-feira (1ª).
Além de Arhur Lira e Baleia Rossi, outros sete deputados concorrem ao cargo de presidente.
Pelo Regimento Interno da Câmara, será eleito em primeiro turno o parlamentar que conseguir a maioria absoluta dos votos, isto é, 257 dos 513 deputados.
Caso isso não ocorra, os dois mais votados disputam o segundo turno para a presidência. Vence a disputa quem obtiver a maioria simples dos votos.
Na ocasião, também haverá a escolha dos cargos da Mesa Diretora da Câmara, conforme o critério de proporcionalidade partidária. Pelo regimento, os cargos são distribuídos aos partidos na proporção do número de integrantes dos blocos partidários.
A Mesa é composta pelo presidente, dois vice-presidentes, quatro secretários e seus suplentes. Os votos para os cargos da Mesa só são apurados depois que for escolhido o presidente.
Conforme o Regimento Interno, a eleição dos membros da Mesa ocorre em votação secreta e pelo sistema eletrônico, exigindo-se maioria absoluta de votos no primeiro turno e maioria simples no segundo turno.
As candidaturas
A disputa está polarizada entre as candidaturas dos deputados Arthur Lira e Baleia Rossi.
Com o apoio de 11 (PP, PL, PSL, Pros, PSC, Republicanos, Avante, Patriota, PSD, PTB e Podemos) partidos, Lira, foi o primeiro parlamentar a se lançar na disputa. O deputado também conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Já Rossi conta com o apoio do atual presidente da Casa e também de 11 legendas (MDB, DEM, PSDB, PT, PDT, Solidariedade, Cidadania, PV, PCdoB, Rede e PSB).
Os deputados Luiza Erundina (PSOL-SP) e Marcel Van Hatten (Novo-RS) disputam a presidência da Casa por indicação de seus respectivos partidos. Já os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), André Janones (Avante-MG), Capitão Augusto (PL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG) e General Peternelli (PSL-SP) disputam a vaga de maneira avulsa.
Após a escolha da nova Mesa Diretora, no dia 3 de fevereiro, o Congresso Nacional (deputados e senadores) se reúne para a solenidade de abertura dos trabalhos legislativos, que ocorre todo ano. Nessa cerimônia serão apresentadas as mensagens dos chefes dos Três Poderes falando sobre as prioridades para 2021.
Confira quem são os candidatos:
Arthur Lira (PP-AL): natural de Maceió (AL), advogado e agropecuarista. Está em seu terceiro mandato como deputado Federal. Antes exerceu os cargos de deputado estadual (AL) e vereador, em Maceió. Atualmente é o líder do PP na Câmara.
Alexandre Frota (PSDB-SP): natural do Rio de Janeiro, ator. Está em seu primeiro mandato como deputado federal.
André Janones (Avante-MG): natural de Ituiutaba (MG), advogado. Está em seu primeiro mandato como deputado federal.
Baleia Rossi (MDB-SP): natural de São Paulo (SP), empresário. Eleito vereador em Ribeiro Preto (SP), em 1992, ocupando o cargo por mais duas vezes. Foi deputado estadual em São Paulo por três mandatos e agora está no segundo mandato como deputado federal. É o presidente nacional do MDB e também o líder do partido na Câmara.
Capitão Augusto (PL-SP): natural de Ourinhos (SP), policial militar. Está em seu segundo mandato como deputado federal.
Fábio Ramalho (MDB-MG): natural de Brasília, empresário. Está em seu quarto mandato como deputado federal.
General Peternelli (PSL-SP): natural de Ribeirão Preto (SP), militar. Está em seu primeiro mandato como deputado federal.
Luiza Erundina (PSOL-SP): natural de Uiraúna (PB), assistente social. Foi a primeira mulher a ser eleita prefeita de São Paulo e está no seu sexto mandato como deputada federal.
Marcel Van Hatten (Novo-RS): natural de São Leopoldo, cientista político. Já exerceu os cargos de vereador no município de Dois Irmãos e também de deputado estadual no Rio Grande do Sul. Está em seu primeiro mandato como deputado federal.
Com informações da Agência Brasil