MANAUS – Após a morte de dois pacientes de Covid-19 ocorridas no fim de semana no Hospital Jofre Cohen, em Parintins, a prefeitura do município assumiu compromissos com o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) para reforçar estrutura hospitalar.
As mortes de Silvano Cidade Fonseca, 41, e Darcy Brito de Souza, 81, serão investigadas e há a suspeita de que elas ocorreram por falta de oxigênio.
Ainda na manhã de domingo (24) as promotoras de Justiça do município se reuniram virtualmente com os gestores de Saúde e com o prefeito Bi Garcia (PSD).
As promotoras Eliana Amaral e Marina Maciel, de Parintins, e a procuradora de Justiça Silvana Cabral, coordenadora do Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Covid-19 do MP-AM, colheram informações para o procedimento que deverá apurar as mortes acontecidas por suposta falta de oxigênio.
Para prestar informações das providências que deverão ser tomadas, o prefeito Bi Garcia, com a ciência dos gestores das unidades e da secretaria municipal de saúde, assinou alguns compromissos junto às promotorias. São eles:
1 – Adquirir, pelo menos, 200 cilindros, em 48 (quarenta e oito) horas, além de alugar usina para ampliar o abastecimento de oxigênio na cidade. O contrato de aluguel da usina deve ser encaminhado ao Ministério Público assim que for celebrado.
2 – Transferir pacientes do Hospital Jofre Cohen para o Hospital Padre Colombo, no quantitativo de leitos abertos que esse detiver, com a atenção de fluxo de isolamento para os pacientes covid-19.
3 – Intensificar o trabalho para transferir pacientes moderados para outro Estado, apresentando até o dia 24.01, lista dos que dão o consentimento e inserindo os pacientes no sistema de controle da SES/AM.
4 – Intensificar o trabalho da atenção primária, apresentando medidas imediatas no prazo de 24 horas.
5 – Adotar providências administrativas, junto à empresa Nitron, em razão da interrupção de abastecimento do oxigênio com a retirada do caminhão tanque do Hospital Jofre Cohen, para o Hospital Padre Colombo sem a autorização prévia da direção da primeira unidade.
6 – Apresentar ao Ministério Público, em 24 (vinte e quatro horas), informações sobre as circunstâncias da morte dos pacientes Silvano Cidade Fonseca e Darcy Rito de Souza.
7 – Revisar a rede de oxigênio do Hospital Jofre Cohen a fim de verificar vazamentos.
8 – Comunicar, diariamente, ao Ministério Público o status de oxigênio da rede hospitalar, com o envio do relatório diário apresentado á SES/AM, informando a qualquer hora, todas as vezes que o abastecimento atingir níveis críticos, vem como as mortes decorrentes da falta de oxigênio.
9 – Apresentar Relatório semanal, com a média de consumo diário de oxigênio, por paciente.
Transferências
Manaus é a única cidade com Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em todo o Estado. Por isso, a Defensoria Pública do Estado (DPE-AM) tem ingressado com ações judiciais para tentar obrigar o Governo do Amazonas a transferir diagnosticados com Covid-19 em estado grave para hospitais na capital.
O colapso na saúde da capital já tem levado defensores públicos a pedirem nas ações judiciais que a determinação seja para transferências a Manaus ou outra unidade da federação que possua leitos disponíveis, como a liminar que atendia os pacientes mortos. No interior do Amazonas, porém, as pessoas estão enfrentando um “paradoxo”, resume a defensora pública Gabriela Gonçalves.
“Não há um leito sequer de UTI no interior desse gigantesco estado, de modo que todos os pacientes dependem de uma remoção em UTI aérea, para Manaus, para conseguirem continuar lutando pela vida. Ocorre que agora os pacientes do interior enfrentam um paradoxo. Eles não vão para Manaus porque Manaus está colapsada e eles também não vão para outros estados porque eles não estão em Manaus, de acordo com o previsto no plano inicial de transferências”, afirma Gabriela, que atua em Parintins, a segunda maior cidade do Amazonas, localizada a 369 quilômetros de Manaus.