MANAUS – Ao comentar em entrevista ao site BNC o patrimônio de R$ 30 milhões que sua esposa e candidata à deputada estadual Nejmi Aziz (PSD) declarou à Justiça Eleitoral, o senador e candidato ao Governo do Amazonas, Omar Aziz (PSD), afirmou que ao contrário do que “todo mundo achava”, não foi a candidata que “deu o golpe” nele, e sim o contrário. “Quando eu conheci minha esposa, ela já tinha patrimônio. Todo mundo achava que ela tinha dado golpe em mim, mas quem deu o golpe fui eu”, disse Omar. “E ela declarou. Eu fico espantado é com essas declarações aí que aparecem, hipócritas né?”, completou o candidato.
A entrevista com o candidato a governador foi transmitida ao vivo pelas redes sociais do BNC.
Estreando em eleições, a ex-primeira-dama do Estado declarou possuir patrimônio de R$ 30,3 milhões, segundo informações publicadas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A soma é 19 vezes maior que o patrimônio declarado por Omar Aziz, também à Justiça Eleitoral. Do total declarado por Nejmi, R$ 15 milhões é referente ao plano previdenciário “Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL)”.
Segundo o senador, o patrimônio da esposa tem sido alvo de “prejulgamento”. Reafirmando que as declarações de outros políticos podem não refletir a realidade.
“Não dá para prejulgar. Não vou permitir isso, sabe por que? Porque ela declarou. Ninguém aqui tem o direito de julgar. Tem órgãos competentes para fazer isso, que é a Receita Federal. Todo mundo fala, e eu digo a verdade: ‘Olha, a Nejmi deu um golpe’. Quando eu conheci a Nejmi, ela morava no Jardim das Américas, tinha uma vida muito estabilizada, e ela tem suas coisas, que não é minha, é dela. Posso te falar o seguinte: ela pelo menos declarou. Eu vejo umas declarações aí que me… aí realmente você perde o prumo”, respondeu Omar à pergunta feita pela repórter do BNC, jornalista Rosiene Carvalho.
Drones contra o crime
Na entrevista, ao falar de seus projetos para a área de segurança, o candidato do PSD disse que, se eleito, usará drones no combate ao crime. “É impossível hoje você estar em um Vieiralves ou em qualquer área comercial, onde o trânsito seja muito engarrafado, você pegar uma viatura para perseguir uma pessoa que assaltou ou furtou uma pessoa numa moto. Nós vamos ter drones com motos, com pessoas armadas nessas motos, e não é armamento pequeno, não. É armamento pesado para enfrentar o crime organizado, sim”, afirmou Omar Aziz.
Segundo o candidato, o diferencial de seu eventual governo será uma polícia bem armada e bem equipada. “Você às vezes coloca um helicóptero mas ele não tem como. Mas drones, um drone desse custa em torno de R$ 40 mil, um drone usado pelo exército americano”, complementou Omar. Outra proposta do senador para a área de segurança é integrar sistemas privados de vigilância por câmeras ao sistema da polícia.
“Nós temos um Centro de Comando e Controle que foi construído por mim para a Copa do Mundo de 2010 [2014], está subutilizado. Hoje nós podemos fazer parcerias com a iniciativa privada e as câmeras deles estarem lincadas ao Ciops para a gente ter um controle de tudo que está se passando na cidade”, disse Omar Aziz.
Tratando em 3ª pessoa, o ex-governador disse que se eleito, o comando da área de segurança vai ser exercido por ele.
“Vou modificar o comando da Segurança Pública, que vai estar diretamente ligada ao governador, a partir do dia 1º de janeiro. Quem vai comandar a questão do combate à insegurança, a bandidagem… hoje o bandido vive tranquilo, quem não vive tranquilo somos nós, são as famílias de bem, bandido não vai viver tranquilo com o Omar”, prometeu o candidato, que disse que irá retomar programas criados por ele que foram encerrados nos governos que o sucederam, como o “Ronda no Bairro”.
Rotta: ‘comia na minha casa’
Omar Aziz também falou da relação de amizade que diz ter com o vice-prefeito de Manaus, Marcos Rotta (ex-PSDB). Rotta se desfiliou do partido e aceitou convite para virar secretário do governo de Amazonino Mendes (PDT), depois de romper com o grupo de Omar e do prefeito Arthur Neto (PSDB).
O candidato disse ter sido a primeira pessoa no Amazonas a dar uma oportunidade para Rotta quanto ele “estava sem fazer absolutamente nada”. Omar Aziz se referiu à apresentação de um programa de TV, em que o vice-prefeito de Manaus o substituiu como apresentador.
“De todas essas pessoas, de Amazonino, de Arthur (Neto), de Eduardo Braga por onde ele passou, o cara que teve mais relações com o Marcos Rotta foi o Omar Aziz. O Omar Aziz era dono do programa ‘Exija Seus Direitos’, quando saí do programa encontrei ele para apresentar. Naquele momento ele estava sem fazer absolutamente nada e eu ofereci essa oportunidade para ele”, declarou o senador.
Omar Aziz disse ainda que tentou falar com Rotta, na semana das convenções partidárias, mas que o então aliado não o atendeu.
“Eu liguei várias vezes, mandei mensagem, ele viu as mensagens, ele viu que eu liguei, mas não quis me atender. É um direito que ele tem, que Deus o abençoe. Agora de todas essas pessoas, a pessoa que viveu dentro da minha casa, que comia na minha casa, que bebia na minha casa, é o Marcos Rotta”, disse Omar Aziz.
‘Melo não nasceu no meu governo’
O candidato do PSD falou ainda da relação com o ex-governador José Melo, cassado em 2017 sob a acusação de compra de voto. Omar disse que não conversa mais com Melo, que foi seu vice-governador (2010-2014) e eleito com o seu apoio em 2014. Segundo o senador, o distanciamento entre os dois se deu de forma natural, e que não tem nenhum problema em falar do ex-governador.
“Sim, sim. É verdade, é verdade. Ele era meu vice-governador, como foi secretário do Amazonino, como foi secretário do Eduardo, com muito tempo de vida pública. O Melo não nasceu no meu governo. Não foi uma coisa que tirei do meu colete. Não é bem assim, foi um processo natural, ele era o governador e foi candidato à reeleição”, disse Omar Aziz./ L.P. e J.A.
Veja abaixo a íntegra da entrevista ao site BNC, no quadro “BNC Sabatina”, do qual o repórter do ESTADO POLÍTICO, Lúcio Pinheiro, foi convidado para participar como um dos entrevistadores: