BRASÍLIA (Reuters) – Sete pessoas internadas com Covid-19 no hospital regional de Coari (AM), cidade a 362 quilômetros de Manaus morreram por falta de oxigênio desta terça-feira, informou a prefeitura, que responsabilizou o governo do Estado por não entregar a tempo cilindros que estariam destinados ao município.
Em nota, a prefeitura de Coari acusa o governo estadual de irresponsabilidade no tratamento com a situação de saúde no interior.
“Desde a semana passada, em torno de 200 cilindros do Hospital Regional de Coari estão retido pelo patrimônio da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas. A maioria aguardando abastecimento, enquanto outra parte foi distribuída para Unidades Básicas de Saúde da capital”, informou a prefeitura em nota.
Segundo a prefeitura, o governo informou o envio de 40 cilindros na segunda-feira, mas o voo passou, pousando diretamente em Tefé e voltando a Coari apenas às 7h desta terça. O Hospital tinha oxigênio suficiente apenas até as 6h.
Apesar da distância não tão longa de Manaus, Coari só é acessível por avião ou em uma viagem de dois dias de barco.
O sistema de saúde do Amazonas entrou em colapso com um forte aumento de casos de Covid-19 e das internações causadas pela doença.
Em Manaus, o oxigênio nos hospitais acabou no dia 14. Seis dias antes o Ministério da Saúde foi avisado do risco da falta de oxigênio em Manaus e começou a preparar o envio de cilindros dois dias depois, mas a resposta foi lenta e em escala abaixo do necessário.
A situação na capital agora é considerada estável depois de uma mobilização nacional que incluiu a doação de 107 mil metros cúbicos de oxigênio pelo governo da Venezuela.
Outro lado
Em nota, a SES-AM (Secretaria de estado de Saúde) lamentou o ocorrido e informou que a empresa White Martins atrasou a liberação dos cilindros de oxigênio que seriam enviados de Manaus para Coari.
Abaixo, a íntegra da nota encaminhada pelo governo:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) lamenta o ocorrido no município de Coari. A SES-AM informa que, por opção do município, o sistema de saúde na cidade é independente, sendo a gestão plena da Prefeitura Municipal. Ainda assim, o Governo do Estado nunca se furtou de auxiliar a administração local, entre outras coisas, com o fornecimento de oxigênio.
Nesta segunda-feira (18/01), por um atraso por parte da empresa White Martins em liberar os cilindros que seriam enviados de Manaus para Coari, não foi possível levar o oxigênio em voo direto, considerando que o aeroporto da cidade não opera à noite.
Para garantir que a cidade não ficasse desabastecida, por articulação da Secretaria de Estado de Saúde, os 40 cilindros foram enviados em voo para Tefé, para que de lá a carga fosse transportada de lancha para Coari.
A transferência dos cilindros de lancha para Coari foi alinhada com a cooperação da prefeitura de Tefé e, de acordo com a Secretaria Executiva Adjunta do Interior, da SES-AM (SEAI-SES/AM), houve um novo atraso na saída da lancha para Coari, o que contribuiu também para que a chegada do material não ocorresse no tempo necessário.
Entre repasses federais e estaduais para investimento em saúde em 2020, Coari recebeu R$ 17,8 milhões. Somente do FTI, foram R$ 2,3 milhões.
A SEAI-SES/AM destaca que nesse cenário de pandemia é fundamental a colaboração de todos os atores do Estado, inclusive dos gestores municipais.
O Estado do Amazonas segue empregando todos os esforços para equacionar a dificuldade de logística e de abastecimento de oxigênio da empresa White Martins. Ao mesmo tempo em que está unindo esforços para transportar cilindros de oxigênio para todo estado.
As entregas e envios seguem ocorrendo diariamente para os municípios do interior, seja por envio terrestre, aéreo ou em retirada pelos municípios na sede do patrimônio da SES, localizada na Central de Medicamentos.