MANAUS – O alinhamento do PT com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em torno de um candidato do DEM à presidência do Senado surpreendeu o senador Eduardo Braga, do Amazonas, um dos caciques do MDB que disputa internamente para sair candidato pelo partido.
Nesta segunda-feira (11), a bancada do PT no Senado anunciou que vai apoiar Rodrigo Pacheco (DEM-MG) na eleição para a presidência da Casa, que será realizada em fevereiro.
O senador Rodrigo Pacheco. Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Aliado histórico do PT e único dos pré-candidatos emedebistas com aceitação dentro da sigla, Braga disse ao jornal Folha de S. Paulo, nesta segunda, não entender o fato de os petistas fecharem aliança com o candidato apoiado por Bolsonaro.
“Eu tive uma conversa muito amistosa e muito respeitosa com a bancada do PT na sexta-feira, na qual pedi para que tivéssemos a oportunidade de apresentar nosso candidato. Mas eles preferiram tomar essa decisão”, afirmou o senador pelo Amazonas, que se reuniu com os petistas na condição de líder de bancada, e não pré-candidato.
“Eu respeito [a decisão], mas o que eu posso dizer é que não compreendo”, emendou.
O MDB vai antecipar a escolha de seu candidato, que estava prevista inicialmente para a próxima sexta-feira (15). Com a maior bancada, o partido anunciou ainda em dezembro que teria um candidato único na eleição, mas ainda não definiu o nome.
Além de Braga, o MDB tinha como pré-candidatos o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE); o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO); e a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Simone Tebet (MDB-MS).
O anúncio do apoio de Bolsonaro a Rodrigo Pacheco, no entanto, enfraqueceu Bezerra Coelho e Eduardo Gomes, que mesmo sendo líderes do presidente não foram escolhidos por ele.
A Folha registra ainda que há chances de que o nome do candidato do MDB saia ainda nesta terça-feira (12). Confira a reportagem na íntegra.
Histórico
Governador do Amazonas no mesmo período em que Lula da Silva foi presidente, Eduardo Braga sempre manteve relação política próxima da cúpula petista.
Eleito senador em 2010, ele foi líder do governo Dilma Rousseff entre 2012 e 2014. Foi ministro das Minas e Energia entre 2015 e abril de 2016.
No processo de impeachment de Dilma, deu voto favorável ao afastamento da presidente do cargo (o vice Michel Temer, que assumiria, é do MDB).