MANAUS – O Governo do Estado vai suspender o funcionamento de serviços não essenciais no Amazonas entre os dias 26 de dezembro e 10 de janeiro por causa do aumento dos casos de Covid-19 e da alta ocupação dos leitos de UTI tanto da rede pública, quanto na privada.
O anúncio foi feito pelo governador Wilson Lima (PSC) no início da tarde desta quarta-feira (23), antevéspera de Natal, em entrevista coletiva à imprensa, na sede do governo, Zona Oeste de Manaus, após uma reunião dele com o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 e com representantes da sociedade civil.
Shoppings e restaurantes funcionarão apenas em delivery e drive-trhu, até às 21h.
Eventos, reuniões, shows e casamentos estão proibidos. Espaços públicos do Estado serão fechados.
Respeitando os protocolos, as atividades da indústria e do transporte intermunicipal estão mantidos.
Funcionarão padarias, supermercados, farmácia, feiras e similares.
Festas clandestinas serão alvo de fiscalização.
Um decreto será editado normatizando o fechamento mais rígido, já adotado em fases iniciais da pandemia, e será publicado no Diário Oficial do Estado (DOE-AM).
Nos últimos dias, o governo anunciou a abertura de novos leitos para pacientes com Covid-19 fora do período de transmissão para desafogar o Hospital Delphina Aziz, referência no atendimento de casos da doença no Amazonas e que estava com lotação acima de 90% da capacidade. Também deu início aos trabalhos para executar a fase 3 do plano de contingência de enfrentamento ao vírus.
O novo fechamento alcança as festas de Ano Novo, que costumam ser focos de aglomerações, um dos principais fatores que elevam a transmissão do vírus causador da Covid-19, que é transmitido por gotículas de saliva.
O objetivo, segundo o governador, é diminuir a taxa de transmissão da doença, cujo índice de óbitos diários teve uma alta expressiva nos últimos dias, passando de 5 a 6 para entre 10 e 12.
“Não haverá lockdown, não fizemos no início da pandemia e não faremos agora”, declarou Wilson, ao abrir a coletiva.
O governador disse que a alta no número de casos tem relação direta com eventos recentes com aglomeração de pessoas, como festas clandestinas e até as eleições. “Agora estamos colhendo os frutos”, declarou ele, que também criticou a atuação da prefeitura da capital, que, segundo ele, só tomou como medida efetiva o fechamento da Ponta Negra. Wilson também voltou a criticar a baixa corbertura da rede de atenção básica da saúda na capital em comparação com o interior.
Wilson disse ainda que as medidas foram discutidas com os setores econômicos e com os demais poderes e que os indicadores do avanço da doença foram mostrados com clareza. Ele afirmou que o governo não queria tomar tais medidas, mas que elas são necessárias. Ressaltou ainda que muitas pessoas não têm feito o uso de máscaras nem respeitado o distanciamento social, o que contribuiu para o aumento de casos.
De acordo com ele, jovens entre 20 e 49 anos são os que mais têm se infectado e quem acaba morrendo mais são os idosos acima dos 60.
Fecha, abre, fecha
Após o fechamento mais rígido entre março e maio, o governo vem implementando um plano de reabertura gradual das atividades, em ciclos, desde junho. Mas, também tem retrocedido quando o sinal de alerta se acende, como nos casos de bares e flutuantes. O parâmetro usado pelo governo é justamente o índice de ocupação de leitos.
Balanço
Até esta terça-feira (22), segundo balanço da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), havia 555 pacientes internados com Covid-19 no Amazonas, sendo 337 em leitos (88 na rede privada e 249 na rede pública), 209 em UTI (65 na rede privada e 144 na rede pública) e nove em salas vermelhas, estruturas voltadas à assistência temporária para estabilização de pacientes críticos/graves para posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde.
Havia ainda outros 91 pacientes internados considerados suspeitos e que aguardam a confirmação do diagnóstico. Desses, 53 estão em leitos clínicos (44 na rede privada e nove na rede pública), 29 estão em UTI (22 na rede privada e sete na rede pública) e nove em sala vermelha.
Mais 1.217 novos casos entraram para a estatística, totalizando 193.544 casos confirmados da doença no Estado desde o início da pandemia.
Deste total, 23.149 pessoas com diagnóstico de Covid-19 estão sendo acompanhadas pelas secretarias municipais de saúde, o que corresponde a 11,96% dos casos confirmados ativos.
Com os 17 novos óbitos registrados nesta terça-feira, o número de mortos pela doença no Estado chegou a 5.111.