BRASÍLIA (Reuters) – O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) negou, nesta sexta-feira, que tenha utilizado a Abin para orientar a defesa do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, nas investigações de suposto esquema de corrupção conhecido como “rachadinha”.
Nota divulgada pela assessoria de comunicação do GSI nega o conteúdo de matéria publicada nesta sexta pela Revista Época, segundo a qual a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria produzido ao menos dois relatórios com informações ao filho do presidente Bolsonaro e seus advogados sobre o que deveria ser feito para obter documentos que poderiam anular a investigação do “caso Queiroz”, referência ao ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, supostamente envolvido no esquema.
“As acusações são desprovidas de veracidade, se valem de falsas narrativas e abordam supostos documentos, que não foram produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência”, diz a nota do GSI desta sexta-feira, em que o gabinete acusa a revista de tentar “difamar o GSI, a Abin e seus servidores”.
O GSI reafirma ainda conteúdo de posicionamento divulgado em outubro, quando negou a primeira das matérias da Época sobre possível interferência nas investigações. Na ocasião, coluna da revista noticiou reunião ocorrida entre o presidente Bolsonaro, o chefe do GSI, ministro Augusto Heleno, o diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e advogados de Flávio.
A equipe de defesa tenta, segundo a Época, dar suporte à tese da existência de uma organização criminosa na Receita Federal que estaria a serviço de levantar informações para relatórios de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Econômicas (Coaf).
“O GSI reitera, na íntegra, a Nota à Imprensa, de 23 Out 2020, em que afirmou que não realizou qualquer ação decorrente, por entender que, dentro das suas atribuições legais, não lhe competia qualquer providência a respeito do tema”, disse a nota desta sexta.
De acordo com a Época, os relatórios produzidos pela Abin detalham o funcionamento da suposta organização criminosa na Receita Federal (RFB). Para os advogados de Flávio, teria havido um escrutínio ilegal nos dados fiscais de Flávio que teriam fornecido as informações resultantes no inquérito das rachadinhas.
Em nota, o advogado Rodrigo Roca, que defende Flávio Bolsonaro, informou que não vai se manifestar.
“Sobre as matérias jornalísticas publicadas nesta data, a defesa do Senador Bolsonaro esclarece que não se manifestará sobre o tema, em virtude do impedimento imposto pelo sigilo profissional”, disse.