RIO DE JANEIRO (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo, sem apresentar evidências, que provavelmente houve fraude nas eleições norte-americanas, mas acrescentou não saber se as irregularidades foram suficientes para garantir a vitória do democrata Joe Biden.
Depois de votar em um escola municipal em uma área militar na periferia do Rio de Janeiro, o presidente mais uma vez evitou reconhecer a vitória de Biden e a derrota de seu aliado, o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Houve indícios de fraude“, disse ele em um tumultuada entrevista de meia hora na porta da escola onde votou. “Eu tenho minhas fontes e elas dizem que teve muita fraude lá, e se se foi suficiente para mudar o resultado eu não sei”, acrescentou.
Desde o dia da votação, em 3 de novembro, Trump tem afirmado, sem apresentar evidências, que houve fraudes nas eleições. Biden foi declarado vencedor da disputa no dia 7.
Ao ser questionado se finalmente iria reconhecer a vitória de Biden, Bolsonaro afirmou que “iria esperar um pouquinho“ por conta das alegadas fraudes.
CHINA
Depois de uma semana tensa com representantes da China após publicações de seu filho Eduardo, que é deputado federal, em redes sociais, o presidente disse que as relações com os chineses seguem normais.
“Não tem problema nenhum com a China. Nós precisamos da China e a China precisa muito mais de nós. Eles tem 1,4 bilhão para alimentar, tem se tornado mais urbana que rural, compram muitas commodities”, disse. “O chinês está consumindo cada vez mais proteína e todo mundo quer o bem do seu povo e nós queremos do nosso.”
Na noite de segunda-feira, Eduardo Bolsonaro fez uma postagem no Twitter na qual comemorava a suposta adesão do Brasil à iniciativa Redes Limpas –na verdade o governo brasileiro não aderiu oficialmente, apenas manifestou apoio– e disse que o Brasil se aliaria aos Estados Unidos para criar uma rede 5G “sem espionagem da China”. No dia seguinte apagou a postagem.
Depois de manifestar seu desagrado ao Itamaraty, a embaixada da China em Brasília publicou nas redes sociais uma carta e uma sequência de 17 publicações em resposta a Eduardo em que classifica a postagem do filho do presidente como “inaceitável” e lembrava que outras autoridades brasileiras têm produzido declarações “infames” contra o país. A carta finalizava ainda que essas posições poderiam ter “consequências negativas” para a relação entre os dois países.
Posteriormente o vice-presidente Hamilton Mourão e o Itamaraty criticaram a reação chinesa.