MANAUS – Um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e uma das figuras mais tradicionais da legenda, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, disse nesta quarta-feira (16) que o ninho tucano pode estar “a porcaria que está”, mas não pretende se desfiliar.
A declaração foi dada durante a convenção do Partido Liberal (PL) que sagrou o ex-prefeito Alfredo Nascimento como candidato a prefeito, tendo como vice a tucana Conceição Sampaio, sob as bênçãos de Arthur.
O atual prefeito falava sobre alianças eleitorais em troca de tempo de televisão. Disse que isso não aconteceu entre o PSDB e Alfredo, e que a propaganda na TV não é preponderante para definir quem vai vencer.
A chapa Alfredo e Conceição tem a adesão apenas do PL e do PSDB, o que coloca a candidatura na terceira posição quanto ao tempo de televisão, ao lado de José Ricardo (PT).
No seu discurso, Arthur lembrou que, em 2012, tinha pouco espaço na mídia televisiva e ainda assim se elegeu com mais de 60% dos votos e se reelegeu em 2016.
“Agora, acho que eu mereço um descanso, mas não sem antes nós conseguirmos a vitória dessa dupla, Conceição e Alfredo”, disse.
O tucano lembrou que propôs prévias dentro do PSDB para fortalecer o candidato do partido à Presidência em 2018, mas comandante da sigla à época, Geraldo Alckmin, preferiu reunir partidos com tempo de TV para dar força à candidatura. Arthur usou o resultado de 2018 para afirmar que a estratégia foi um fracasso.
“E dizendo que tem tanta gente, com tantos partidos… eu dou o exemplo do meu querido o governador Geraldo Alckmin com quem eu quis disputar as prévias para presidente da República no PSDB. Ele ficou com medo. Eu disse para ele ‘vamos disputa,r rapaz, eu quero disputar, eu faço questão de perder de você aqui, porque se você não ganhar de mim dentro do partido, você não ganha mais em lugar nenhum’. Então, eu propus 10 debates, em 10 cidades estratégicas e nós tínhamos cobertura, já tinha uma televisão interessada em cobrir e a imprensa inteira. Quem sabe não tivesse mudado o resultado das eleições, porque do jeito que tá, tá ficando uma banalização e o PSDB fora da popularização. Ele (Alckimin) não quis e ele juntou o maior número de partidos, ele juntou todos os partidos que tinham tempo de televisão para ele”, disse.
“E, assim, eu digo isso porque eu não saio de partido, eu não mudo de partido. O PSDB pode estar porcaria que tá, mas eu não vou largar porque eu não sou de largar mesmo, eu não sou rato que abandona o barco porque o barco não está em boa situação. Mas o fato é que eu disse a ele ‘você não vai chegar dois dias dos altos, você tem esse tempo de televisão todo e esse pessoal que estão contigo, mas quando sentirem que o voto está soprando na direção de adversários seus, eles vão largar você e vão para os adversários’. E no caso os adversários acabaram sendo, de um lado, o atual presidente Bolsonaro, e de outro lado a candidatura apoiada pelo ex-presidente Lula. Foi assim que aconteceu, se dividindo e o Alckmin ficou apenas com 4% dos votos”, destacou.
Na campanha de 2018, o PSDB paulista fez dobradinha com Bolsonaro na campanha que ficou conhecida como “Bolsodória”. Em maio de 2019, já governador de São Paulo, João Dória assumiu o comando do PSDB, dando um novo viés para a sigla, mais à direita, embora tenha se afastado de Bolsonaro.
Campanha em Manaus
“Nós vamos ganhar porque temos trabalho para mostrar, porque nós temos garra para lutar e porque nós não fizemos a política antiga de lotear, que apoia a mim porque eu tenho tempo de televisão, que apoia a mim que eu te dou não sei o quê. Não! Nada disso! Nós somos os 300 de Esparta!”, bradou Arthur ao fim do seu discurso na convenção desta quarta.