MANAUS – Em lados opostos da disputa política nos espaços de poder da esfera federal, os bolsonaristas do Partido Social Liberal (PSL) e integrantes da centro-esquerda não petista podem caminhar lado a lado na disputa pela Prefeitura de Manaus.
O ponto de encontro dessa aliança inusitada deve ser a candidatura majoritária do deputado Ricardo Nicolau, do Partido Social Democrático (PSD), de centro. Nicolau já tem o apoio do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e confirmou nesta sexta-feira (4) o ingresso do Partido Democrático Trabalhista (PDT) na coligação.
Até o dia 16, fim do prazo para as convenções, outras siglas devem se aliar, entre elas o PSL. Questionado sobre o assunto na coletiva de anúncio do apoio do PDT, especificamente sobre o PSL, Nicolau disse estar “conversando com todos os partidos”.
“De uma coisa nós não vamos abrir mão, são os princípios que nós queremos fazer. Nós não vamos fazer acordos espúrios, conchavos, nada por debaixo dos panos. Vamos fazer de forma transparente. Queremos todos aqueles que queiram fazer uma projeto diferente e melhor para a cidade de Manaus. Vamos conversar com todos eles e colocar de forma muita clara que Manaus está em primeiro lugar, Manaus é maior que qualquer partido e qualquer pessoa. Todos os partidos que entenderem que esse novo momento da política, que esse novo momento de construção da cidade serão muito bem vindos”, declarou Nicolau.
Além do PSB e PDT, a pré-candidatura de Nicolau tem o apoio do Solidariedade, de Bosco Saraiva.
Unidade, mas de direita
Questionado pelo ESTADO POLÍTICO, o presidente municipal do PSL, o vereador Diego Afonso, confirmou as articulações com o PSD.
“A gente tem afinado, inclusive, a unidade da direita em volta de uma candidatura que tem a mesma ideologia do PSL e a gente tem conversado. Sim, tem possibilidade da gente caminhar com o PSD e vai depender de todas as frentes e de todo o partido. Ninguém decide nada sozinho”, completou, ao ressaltar a importância da comissão eleitoral e do diretório estadual na decisão.
“O PSL, além de ter grandes nomes no seu quadro para o projeto 2020, tem maior tempo, um razoável fundo (eleitoral). Fará uma bancada boa de vereadores, em torno de quatro a cinco grandes nomes. De antemão agradeço o deputado Ricardo Nicolau por sempre citar o PSL nessa aliança”, disse Diego Afonso, que antes de ingressar no PSL era filiado do PDT.
Cenário nacional
O PSL foi o partido que levou Jair Bolsonaro ao poder em 2018, elegendo na ocasião a segunda maior bancada de deputados federais (o que faz dele um dos com maior tempo de TV e verbas do FEFC). Apesar da desfiliação do presidente, a maioria dos filiados se mantém alinhada a ele. Há, inclusive, a possibilidade de que Bolsonaro volte a se filiar a sigla, conforme disse ele próprio.
Já PSB e PDT fazem hoje parte da oposição ao governo e estiveram na órbita das gestões petistas na Presidência da República, ocupando diversos ministérios. A aliança foi rompida de forma gradativa ao longo dos anos, a partir de 2014, sobretudo com o enfraquecimento de Dilma Rousseff.
Repare bem
O presidente estadual do PDT, Hissa Abrahão, declarou que a escolha de aliar o PDT com o PSD foi pragmática, para “unir as oposições em torno de um projeto”.
O dirigente pedetista disse que a sigla tem o aval das lideranças nacionais, como do ex-ministro Ciro Gomes e do presidente nacional do partido, Carlos Lupi. “Ele (Nicolau) aceitou e recepcionou muito bem todo o nosso histórico trabalhista”, afirmou.
Estratégias
Apesar das divergências em âmbito nacional, nas eleições municipais, e até nas estaduais, a maioria das siglas é liberada para fazer alianças estratégicas com partidos antagônicos por conta do contexto de cada cidade, que envolve fatores que vão muito além da questão federal.
Assim, já surgiram Brasil afora coligações com PCdoB e DEM juntos e com PT e PSDB na mesma chapa.
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