MANAUS – O pré-candidato a prefeito de Manaus entrevistado pelo ESTADO POLÍTICO esta semana é o ex-superintendente da Suframa Alfredo Menezes, do Patriotas.
Na entrevista, o pré-candidato fala das ideias que tem para aplicar em áreas como transporte e educação, e o que faria de diferente do atual prefeito, Arthur Neto (PSDB), caso vença as eleições de novembro.
Sobre os demais pré-candidatos que se apresentam como seguidores e admiradores de Jair Bolsonaro, Menezes fala que o cenário político local está cheio de aproveitadores. E somente ele tem algo que os demais “bolsonaristas” não têm: “O DNA do presidente”.
Abaixo, trechos da entrevista em texto e vídeo:
EP – Manaus tem ônibus velhos e que demoram a passar. Há quem diga que não há frota suficiente para o total de usuários. E um outro problema que impacta isso é o trânsito muito ruim, que acaba reduzindo a velocidade do ônibus. Uma vez eleito prefeito, o senhor vê solução para esse problema? O que o seu plano de governo prevê para resolver essa questão do transporte público?
AM – Com relação ao transporte público e principalmente a essa parte da mobilidade urbana, é um problema complexo. Vamos ser bem francos, agora, nesse período todo mundo vai ter solução para isso. Eu tenho acompanhado, como cidadão, nos últimos 20 anos, em toda eleição vai ter direção, vai ter solução, mas começa 1º de janeiro e tudo fica por aí.
Nesse momento, a sociedade não quer brincadeira, ela quer solução e essa temática passa por um estudo. A parte da frota de ônibus está toda regulada, só que tem que fazer a coisa acontecer.
Uma coisa é certa, a tarifa hoje está R$ 3,80, mas ela está assim há mais de seis anos. Tem alguma coisa errada. Então, se o ônibus está velho, primeiro não tem fiscalização, segundo eu tenho que ver a parte da tarifa. A tarifa por outro lado tem um subsídio que é pago pela prefeitura. Até quando vai pagar esse subsídio para que ela não seja alterada?
O subsídio nada mais é do que um empurrão com a barriga de um problema que precisa ser solucionado.
Os donos dos ônibus coletivo falam seguinte: “olha, como a tarifa tá muito tempo assim, eu não tenho como renovar minha frota, ela tá estagnada”. E, como também não tem uma fiscalização por parte do poder público, fica dessa maneira e quem perde o povo.
Quando a gente fala em mobilidade urbana, esse tema que nós estamos tratando aqui chama-se transporte público, tarifa. Hoje nós temos uma faixa de 1.200 ônibus, mas isso é uma parte de um problema, porque por outro lado também tem um sistema que ninguém fala que é o transporte de fretamento, lá nas empresas do Polo Industrial de Manaus, que tá na faixa de 1.800 veículos e eles influenciam exatamente na velocidade que você falou, que hoje a média, no pico, é 20 km/h, exatamente nos pontos de pico que é seis horas da manhã, quando a população está saindo para o trabalho, para escola, mas também o trabalhador está indo para o Distrito, e também as cinco horas da tarde, quando o trabalhador está voltando para casa e o industriário tá voltando do Distrito para casa.
E aí, combinando com isso, voltando para o transporte coletivo, tem a situação da faixa exclusiva. Ela tem que ser na direita, na esquerda ou mista? Nós entendemos que tem que ser mista, porque tem local que não tem como (ser apenas na esquerda). A faixa que liga do Terminal 1 até o T4, por exemplo, tem que estar do lado esquerdo, mas tem uma hora que ela tem que estar do lado direito, mas são exceções. E aí, acima disso, tem mais uma outra problemática: se colocar duas, uma via expressa exatamente só para os ônibus do transporte coletivo ou então criarmos um outro modal. Nós ainda estamos fechando nosso plano de governo. Proposta todo mundo faz, todo mundo vai falar, mas se você não colocar todos esses componentes na mesa, não vai ter solução, vai ser só promessa. Então, o que que se deseja? Do Terminal 1 ao T4, poderia se construir um viaduto com faixa exclusiva para ônibus. Pronto, resolveria o problema de faixa exclusiva, aumentaria a velocidade média, num tempo razoavelmente melhor do que se tá sendo feito aí pela prefeitura atualmente. Mas aí envolveria custo, projeto. Aí uma pessoa fala assim “não tem verba, vou buscar recurso internacional”. Pois é, mas todo mundo está em crise, a solução a curto prazo também não é essa.
Numa segunda fase, vamos construir então um outro modo alternativo, sei lá, um BRT. Mas aí não pode ser feito no curto prazo. O prefeito atual prometeu fazer o BRT, e por que não fez? Se a economia no mundo não estava com nenhum problema. Ele não fez porque em quatro anos, se não tiver planejamento, não dá para fazer. BRT é um projeto de pouco mais de quatro anos. Essa é a problemática com que nós nos deparamos.
EP – Mas o prefeito atual teve oito anos de mandato…
AM – Sim, mas ele prometeu no segundo (mandato), se eu não me engano. E colocou, inclusive, o vice-prefeito para tocar o projeto e que depois, quando começou a gestão, ele tirou o vice-prefeito do projeto.
Nós estamos estudando o tema para darmos soluções simples, dentro de um orçamento que se dispõe. Hoje, com a pandemia, nós não temos. Os recursos ficaram escassos, não só no Brasil ou em Manaus, como também no mundo. Então, será difícil buscar de fora. Tem que saber se vai ter disponível. Estamos vendo a viabilidade das nossas propostas para apresentar ao público, porque a partir do momento que apresentar nós teremos que cumprir.
EP- Então, só para esclarecer, nesse momento seu foco seria ações de curto prazo, investir em faixa exclusiva…
AM – Com certeza. Investir em faixa exclusiva. Parece que a frota (de novos ônibus) está saindo agora, tudo agora está saindo no final do mandato. As vias estão sendo asfaltadas, algumas. Aí vem a frota de ônibus também, que foi prometida e agora está sendo feita, mas quem vai entrar vai pagar toda essa conta.
EP – O subsídio para manter o preço da passagem no valor acessível. O senhor defende desde que seja com essa compartida?
AM – Uma coisa é certa: o subsídio existe no Brasil todo. Mas tem algumas ações que minimizam subsídios. Já passaram aí nos últimos seis, sete anos, nesse mesmo período que a tarifa não aumentou, vários governadores, inclusive o atual, o anterior a ele, o interino e podia muito bem esse subsídio ser reduzido, se tivesse um acordo da prefeitura com o Governo do Estado para isenção do ICMS do diesel, inclusive existem até três pré-candidatos que já passaram no governo que poderiam ter concedido e não concederam.
Se você coloca um subsídio aqui nessa área, você está deixando de investir numa outra que é prioritária, como a saúde, que é o que mais a população tem pedido, a segurança e a educação.
EP – Os prefeitos têm um discurso que demonstra o quanto eles têm dificuldade em fiscalizar as empresas de ônibus, até mesmo para acessar o sistema para saber quanto é que entra, qual é o custo das empresas. Como o senhor faria para ter acesso a essas empresas e poder fiscalizar?
AM – Eu não creio que esse seja o problema. Nós estamos no século 21, tem plataformas, tecnologia. Por exemplo, qualquer país que tu fores hoje, de primeiro mundo, não tem mais cobrador de ônibus, porque o que chama a atenção do bandido é o caixa, é o dinheiro. Então, você usa simplesmente o cartão (smart card). Isso é uma coisa que também ajuda na segurança e dá celeridade. Eu não acredito que seja por falta de fiscalização, porque fiscalização hoje e daqui para a frente, ela é mais em nuvem do que presencial.
EP – Manaus tem uma das coberturas mais baixas de saúde básica, as equipes de saúde da família, por exemplo, segundo dados do Ministério da Saúde, cobrem no máximo 40% de uma população de dois milhões.
AM – Não, a cobertura da saúde básica, pelos números que eu tenho, ela está de 50 a 55%. Ela não é tão ruim, não pelo menos na cidade de Manaus.
EP – Eu digo quando você joga para as equipes. São as equipes que vão na casa das pessoas, me recordo só de 40%, mas ainda que seja 50%, a gente supõe que ainda seja baixa. O que o atual prefeito e os outros também dizem é que o financiamento do governo federal é muito baixo. E para ter uma equipe de atenção da família, você precisa de no mínimo um médico, um dentista, um enfermeiro e um técnico. E, segundo eles, o governo federal financia 10 mil reais para uma equipe dessas e nem um médico quer ganhar 10 mil. O senhor sendo prefeito vê uma solução para ampliar o número dessas equipes, ainda que tenha um financiamento baixo por parte do governo federal?
AM – Com certeza. Primeiramente o problema não é do governo federal, é do governo municipal entendeu? Essa responsabilidade da saúde básica, eu não estou falando aqui em questão de pessoas, eu estou falando em questão de entes, a responsabilidade da saúde básica é da prefeitura. Se recebe ou não algum incentivo, isso daí é complementar, mas a responsabilidade é da prefeitura e uma coisa eu sei: médico tem demais, o problema não é médico, o problema no nosso entendimento é gestão. Não se pode culpar a situação da saúde básica por causa do governo federal. Na realidade, o governo federal tem ajudado muito, não só a prefeitura de Manaus como todas as prefeituras.
EP – O prefeito atual inaugurou a 20° creche da cidade no final do ano passado, só que ele prometeu 110, que é uma estimativa que faz para uma população de zero a quatro anos que deve estar em torno de 250 mil. Ele, ao assumir, encontrou uma creche. Então é um problema que os prefeitos não têm dado muita atenção nos últimos anos. Considerando que 20 ainda é muito pouco, como que o senhor construiria mais creches, considerando que é um investimento caro, principalmente a manutenção?
AM – Em primeiro lugar, o problema da educação não é creche. Isso vai cair naquilo que eu falei, exatamente da parte que todo mundo agora vai prometer tudo para a população e não vai cumprir “bulhufas”.
A creche atinge um segmento da sociedade e custa 2,5 milhões para ser construída. Porém, para você manter a creche, são 18 milhões de reais e aí está o problema.
A minha proposta para isso é parceria. Quando eu estava como superintendente da Suframa, eu vi que a sociedade tem que participar desse jogo também, o setor privado. Então, nós temos que buscar algumas soluções com parceria público privado em determinados segmentos.
Quando estava à frente da Suframa, eu fui tratar diretamente com algumas empresas – onde é que está a boa demanda de creche, no setor industrial e o comércio de serviços.
A questão é de união e planejamento. Quando tem planejamento…, o que falta é vontade de fazer.
Há dois problemas básicos na administração pública, gestão e comando. Porque pode até ter em algumas áreas bons gestores e que fazem o planejamento, mas eles não têm comando. Sabe o que que é comando? Comando é a vontade de querer realizar e, para você ter vontade de querer realizar o planejamento, você tem que estar presente lá, no dia a dia, verificando se aquilo está andando conforme você planejou.
A carga para você não realizar é muito grande, um problema da má política, de querer atrapalhar.
Vamos fazer creches, mas estamos analisando para saber quantas.
EP – A gestão atual também tem muita dificuldade em construir escolas, muitas são alugadas e por valores questionáveis. Sobre essa questão de alugar, qual sua posição?
AM – Eu particularmente sou contra. Uma coisa é ser contra, outra coisa é eu apresentar uma solução para isso. E nós estamos exatamente buscando fazer.
Isso é um negócio (os alugeuéis), tem muita gente que ganha com isso. Mas aí você vai ver o preço do aluguel, depois de dois anos dá para você construir uma escola com o dinheiro gasto com a locação.
Eu particularmente sou contra. Agora, tem uma coisa inédita que eu estou pensando. É uma solução. Por que você não aluga o pacote todo? Tem empresário aqui no Estado que faz isso.
Se você pegasse o custo, chama-se contabilidade de custo, do aluguel, do professor e da estrutura por exemplo, dá o número X e, por aluno, cerca de R$ 1.000, por exemplo. Então, por que em vez de alugar eu não contrato uma escola que tem tudo isso e pago pelo aluno?
Eu prefiro caminhar nessa direção, é simplesmente isso. Nós temos que verificar para esclarecer o custo por aluno e fazer da administração pública igual à administração privada. A gente não pode é ter um custo por aluno, por exemplo, de R$ 1.500 com escola alugada, professor, toda estrutura de ensino, e o mesmo custo por aluno na escola privada ser R$ 1.000.
EP – Manaus tem um orçamento de mais de R$ 6 bilhões, o que vai dar uns R$ 25 bilhões por mandato. É um orçamento bom. Porém, tem a questão das despesas. O gasto e a receita do município estão equilibrados? O que o senhor faria diferente, uma vez eleito prefeito, para sobrar mais recursos para investimentos como esse das escolas e creches?
AM – De maneira geral, a gente tem que ver que está na mão do prefeito, a gestão do tesouro, o que recebemos de recursos e o que estamos devendo.
É como fosse uma situação de um pai de família, ele tem o salário e aquelas dívidas que ele já tem, os empréstimos, e sobra aquela quantia lá para ele gerir. Bom, será exatamente isso na prefeitura. Por isso que eu digo que a gestão de Manaus tem que ter uma experiência administrativa na gestão pública e privada. Eu, particularmente, fiquei no Exército para fazer administração pública, depois eu saí e fui dirigir um banco, depois fui ser superintendente da Suframa, público e privado.
As finanças da prefeitura estão hoje numa classificação B em algumas áreas e em outras até A. Então, aparentemente a prefeitura está dentro de um padrão com recurso financeiro, eu só não sei agora que não posso afiançar, nem o próprio prefeito, ou qualquer pré-candidato, como é que vai ficar o dispêndio, execução financeira nesses últimos seis meses porque tem muita coisa aí para inaugurar ainda.
Eu faria diferente. Eu vejo o gasto com a comunicação muito elevada, está excessivo, 128 milhões e tem outras áreas que não têm, como a secretaria de empreendedorismo. Tem alguma coisa que não bate, ou seja, você tem menos de 1 milhão por mês para investir em empreendedorismo, para investir para que as pessoas mudem a cabeça, pensem em renda, lhes dê oportunidade. E aí ,na parte de comunicação, a propaganda tem mais de 10 milhões por mês, eu acho muito. Tô dando um exemplo prático.
Nós vamos gerar recurso tirando de uma área, por exemplo, reduzir dessa para colocar no empreendedorismo, na educação, verificar a parte de pessoal, o que que tem de pessoal, o que que tem de funções que são comissionadas.
EP – O prefeito emprestou nessa última gestão dele cerca de R$ 2,5 bilhões. Isso lhe preocupa ou o senhor vê que a economia é forte o suficiente para garantir o pagamento desse empréstimo sem comprometer a gestão?
AM – Na minha avaliação é assim, é igual ao nosso salário. Você recebe 100% e tem que saber qual o percentual do salário está comprometido com empréstimo. Eu não tenho essa avaliação agora. Os empréstimos são bem-vindos, contanto que sejam empregados em benefício da coletividade.
EP – Na Suframa, o senhor chegou até a firmar uma parceria com o prefeito na pavimentação das vias do distrito, mas aí, em seguida, eu vi um certo afastamento. O prefeito é crítico ao presidente Bolsonaro, que é um amigo pessoal seu. Hoje como é que o senhor define a sua relação com o Arthur e que avaliação o senhor faz da gestão dele?
AM – Bem, são duas coisas: o pessoal e institucional. Eu tenho, na pessoa do prefeito um camarada do bem, respeitador, diferente de alguns políticos, alguns senadores que se acham donos do Estado, que chamam palavrão, que têm boca suja, precisam lavar a boca com sabão, entendeu? O prefeito Arthur é um cara gentil, bom como pessoa. A minha relação com ele não é de parceria, fizemos uma parceria institucional da Suframa com a prefeitura para um bem comum, para asfaltamento do distrito, coisas que devido a um grupo de políticos não estavam deixando se realizar há oito anos. Tem que fazer parceria.
Em nenhum momento nos distanciamos. Sempre que eu ligar para o prefeito, ele me atende, sempre que ele me ligar eu atendo ele. Eu o visitei na prefeitura, ele me visitava na Suframa. A relação dele com com o presidente é um problema dos dois. Eu tenho amizade com presidente e tenho uma relação respeitosa com o prefeito. Se ele não se dá bem com o presidente é um problema dele com o presidente.
O que eu faria diferente do Arthur? Eu me faria mais presente, jogaria mais em campo. A minha parte de gestão também faria diferente, mas aí é uma coisa de estilo, deixando bem claro. Eu sou um homem muito prático, muito direto, eu sou um homem que gosta de estar no campo, por isso que eu digo questão de estilo. Eu não estou contestando ele, ou não concordando, ele tem outro estilo.
O meu estilo, por exemplo, é de estar caminhando, é de estar verificando, é de estar indo lá na UBS, de estar indo lá na escola, é de estar percorrendo a cidade. Com senso de administração, eu fiz isso na minha vida toda.
De uma maneira geral é isso aí, minha relação com ele é boa, é respeito, ele tem o candidato dele lá, normal ter, isso faz parte do processo. Tenho boa relação sim, não só ele como outros políticos que se permitem respeito. A minha relação com o governador, pessoal, é a melhor possível. Institucional? Bem, ele sempre me atendeu na Suframa, sempre me atendeu. Por exemplo, tem um projeto que a gente fez lá para o distrito para estrada do Rio Preto da Eva, ele nos apoiou. Minha relação pessoal muito boa, normal.
EP – A sua relação com presidente Bolsonaro precede a eleição dele. No entanto, ele tem dado umas declarações de que ele não vai fazer campanha. Nem vai coordenar a campanha municipal. O senhor pretende tentar algum aceno dele de apoio à sua candidatura diante da relação dos senhores?
AM – Nós temos 5.500 municípios. Todos eles agora vão ter eleição. Num levantamento que nós temos, 35% do Congresso, das pessoas que estão lá, vão buscar se candidatar a prefeituras. Se hoje de uma maneira geral o presidente Bolsonaro, com a estrondosa popularidade que ele tem, todos esses 35% do Congresso, na faixa de 150 políticos do lado dele, de quem ele precisa para aprovar lei, o que que acontece. Todo mundo quer gravar um vídeo, todo mundo quer uma foto, eu vejo lá na sala, lá do gabinete de relações institucionais, o político quer pegar carona.
O presidente tem os filtros dele. Ele fala de uma maneira geral, “não vou apoiar ninguém”, porque é a maneira dele se blindar. Então, essa é uma regra geral, mas toda regra tem uma exceção? Sim. Ele já declarou: “olha, esse aqui, eu vou apoiar”.
Esse argumento de que não vai apoiar todo mundo, ele falou de um contexto geral, genérico. Mas, ele já definiu aí alguns estados que ele vai apoiar aqui. No Amazonas, eu diria o seguinte: hoje eu não vejo um candidato que ele tem alguma preferência. Tem muita gente da política má. Tem os que já deram sua contribuição e acham que vão consertar, mas já tiveram a oportunidade de consertar e não consertaram. E tem os novatos e dentre esses novatos, aí sim, aí eu quero me incluir.
Eu tenho uma relação de 40 anos com o presidente. Fui o único amazonense que compus a equipe ministerial por indicação deles, depois de ter passado por uma entrevista. Mantenho, até hoje, e tenho certeza que nenhum outro mantém, uma relação, não é de foto, não é de vídeo. Por exemplo, tem um pré-candidato que tem um vídeo com presidente, mas fui eu que facilitei isso, eu que fui lá . Ele (o pré-candidato) não pode dizer que é amigo do presidente. Eu tenho essa relação com ele há 40 anos.
EP – Quem é o pré-candidato que o senhor se refere?
AM – Não sei. É só você ver aí.
Mas eu te digo o seguinte, por exemplo, eu posso te avisar que agora, no dia 27 de agosto, eu faço 32 anos de casado com a mesma mulher que me apresentou o presidente, e o presidente foi meu padrinho de casamento. Mas eu não falo isso com nenhuma soberba ou prepotência, eu falo isso para mostrar a nossa relação com ele. Eu sempre troco mensagem com presidente. A minha equipe que sabe, às vezes ele fala “olha, cuidado com propaganda antecipada”, ele já falou isso para mim. Eu mando umas coisas para ele, que tem mais experiência na política, e me permite isso pelo grau de amizade que temos.
Um dia desses ele me falou assim: “Menezes, divulga uma parte do seu secretário 15 dias antes das eleições como eu fiz com Paulo Guedes, você acompanhou”. Eu não estou criando, eu não estou inventando. O presidente me deu essa orientação e eu quero seguir. Eu não sei se com os outros ele está fazendo assim, orientando. Mas, a gente tem essa relação.
Sobre o apoio da campanha, é um poder discricionário dele. Mas, eu digo que nós temos uma excelente relação, ele está acompanhando tudo que acontece na cidade de Manaus, no Estado do Amazonas, porque ele sempre gostou da Amazônia como um todo. Ele tem um carinho especial e isso eu posso garantir.
Nessas desavenças com o prefeito, o presidente passa por cima e as verbas estão aí, os recursos estão aí. Eu acho que isso aí mostra a grandeza do homem que ele é.
EP -Ainda sobre o presidente, a gente tem visto muitos pré-candidatos com discurso de direita. A direita está de fato dividida fragmentada em Manaus nesse número de pré-candidaturas, ou o senhor vê muita gente pegando carona na figura do presidente?
AM – Eu não sei. Eu vejo o seguinte, que nesse momento todo mundo, primeiro tem uma regra da vida: “filho feio não tem pai”. O candidato lá de senadores, diga: “eu sou candidato desse camarada aí”, diga para a população que você é candidato de fulano. O cara é candidato do camarada e aí ele se omite, fica calado.
O que eu vejo hoje são pessoas oportunistas, que dizem que gostam do presidente. O cara vai dizer que gosta de pessoas que tem baixa popularidade?
Nesse grupo político do estado não tem bolsonarista, eu não vou citar nomes. Povo, muito cuidado com isso. Dizer que é bolsonarista é fácil, o problema é agir como.
Eu queria que você me perguntasse assim: “o que que você tem que esses que se dizem bolsonaristas não tem?” Eu vou te responder: o DNA do presidente, só isso.
Aí você olha para o camarada que você disse bolsonarista, políticos, estou falando de políticos pré-candidatos a prefeito. Aí o cara tá envolvido com o senador da Maus caminhos, da Lava-Jato, com o pessoal envolvido na CPI da Saúde, ele não pode ser bolsonarista.
Se não tem posicionamento firme, então não é bolsonarista, não é DNA, tem que ter postura, tem que ter posicionamento. O DNA é essencial a gente ter. O que que é o DNA? A parte da corrupção, o posicionamento, transparência, a verdade, exatamente isso. Agora, o cara disse que é bolsonarista, mas está ligado a tudo de ruim que tem na política do Estado, não está nem ligado aos bons, está ligado a tudo de ruim. Então, a população tem que fazer esse filtro, ela não pode se deixar enganar pelas palavras, tem que ver as ações. As ações contam mais do que as palavras.
EP – Coronel, é fato público que sua relação na Suframa foi ruim com a bancada do Amazonas no Congresso. Uma vez prefeito, como é que você vê essa relação? E até mesmo agora na campanha isso reflete, de repente, na necessidade do presidente em ter apoio, nos apoios nacionais, nas matérias que necessita de voto… O senhor acha que a bancada pode, de alguma forma, interferir até nesse momento de pré-campanha, de formar alianças?
AM – Deixa eu lhe falar uma coisa, muito direto no seu olho e no olho da população, eu não tive problema nenhum com a bancada, nenhum. Agora, o senador Omar Aziz, o Silas Câmara, sendo bem claro, o senador Omar Aziz, o senador da Maus Caminhos, o camarada lá, o chefe da família do quibe, que dizem aí foi presa quase toda a família dele, esse sim tinha problema com a gente. O Silas e alguns políticos que perderam a eleição.
Ele tinha. Ele colocou como sendo a bancada, mas eu não tenho nada contra o Zé Ricardo, nunca me atacou, nunca ataquei ele.
Agora com esse sim, mas ele conosco, ele é covarde, ele não assume porque ele queria, ele, e mais os dois deputados da bancada, Silas Câmara, etc, indicar na Suframa.
Eles queriam emplacar um deputado que foi derrotado nas urnas que fazia parte do grupo deles lá na Suframa, era um problema deles, não era um problema meu, deixando bem claro para a população do Estado, é mentira dele. Ele queria emplacar o deputado lá, quando eu fui nomeado pelo presidente, aí eu fui nomeado numa sexta-feira, quando eu fui assumir na segunda já estavam falando por um canal que eles têm aqui, tem um jornalista que tem a língua meia solta, que já me prometeu o espaço ainda não cumpriu, dizia “esse cara não vai nem tomar posse” por causa da articulação política dele, ou deles, não era de toda a bancada.
EP – E essa saída do cargo [da Suframa] foi o presidente atendendo a um pedido desses parlamentares?
AM – Tem que perguntar para ele [presidente]. Então, a gente às vezes vai, o camarada vai plantando uma coisa na população porque ele quer passar como santo, de santo ele não tem nada, é covarde e ele fica sempre de trás das cortinas, manipulando e manobrando, entendeu? Não quer aparecer porque aí vai se queimar mais ainda, a população não aguenta mais, tem que se ver livre desse camarada, esse jogo sujo que ele faz por trás das cortinas. É só ver todos da bancadas que tiveram seus interesses contrariados, conte nos dedos, o resto não, estava novo. O cara me conhece, agora eles, os velhos que estavam com interesse, os velhos que estavam na bancada e tiveram seus interesses contrariados quando o presidente nomeou Menezes, Menezes não tem nada a ver com isso, Menezes era só instrumento, agora ele querer se trocar comigo como se fosse presidente da República. Mas é por causa do poder, ele se acha o dono do estado, é isso.
EP – Coronel, a gente sabe que até mesmo para você ser conhecido, para população conhecer sua imagem, sua candidatura, em um campanha que vai ser diferente de todas as outras, né? Você precisa de tempo na TV, no rádio, isso passa pelas alianças, conseguir atrair mais partidos. Como é que está o Patriotas nesse momento da pré-campanha, as alianças, com quem o senhor conversa, o senhor pode falar?
AM – Olha, hoje o coordenador da nossa campanha é o deputado Felipe Souza, que é o presidente do Patriotas. Ele é um político que já tem aí mais de 10 anos na prática, ele tem exatamente o conhecimento, ele conhece muito bem a classe política no Estado e ele hoje está fazendo esse trabalho. Então está com ele, a gente discute algumas vezes e tal, ele já deferiu algumas coisas, inclusive na convenção da pré-candidatura, partido de esquerda não, ele já definiu que não. Nós definimos, eu concordo com ele. Mas ele tem que conversar agora. Quero te dizer o seguinte, dentro desse contexto aí, tem pré-candidatos com determinados partidos, aí eu quero colocar como apimentar esse teu molho aí, vocês são inteligentes nessa parte política, tem mais experiência do que eu, que partido não tem cinco candidatos ou pré-candidatos a vereador, é só vocês verem. Então o cara começa a fazer uma aliança porque não tem pré-candidato a vereador. Porque ninguém quer participar daquele projeto político, aí esse cara se alia com um, aí vem esse um que se aliou com ele, é claro por tempo de televisão e dinheiro, aí também não tem candidato suficiente para vereadores ele se alia com outro por tempo de televisão e por dinheiro esse outro também não tem bases, o que eu quero dizer muito claro para a população, não adianta ter muitos partidos com tempo de televisão e dinheiro se você não tem o cara da base, sabe porque não tem base, porque eles vieram pecando nesses últimos 25 anos no Estado, é o pessoal que se chama comumente como a velha política, ele não tem mais o que prometer para a população, ele não consegue nem andar na rua, senão a população vai exatamente colocá-las a parte, porque foi enganada todo esse tempo. Então pessoal, faz uma ligação muito grande. Querem aproveitar o tempo de televisão para passar mensagem porque eles não conseguem andar na rua. População, é isso que exatamente o que eu estou vendo. Então eu vejo assim, a parte de mídia vai ganhar uma dimensão muito grande, porém nós temos que nos fazer presentes, e aí é exatamente dessa maneira que o Patriotas está trabalhando e além de ter a mídia para se tornar conhecido, além de nós estarmos percorrendo as comunidades e toda cidade, ouvindo a necessidade dela para que a gente possa colocar no nosso plano de governo, nós estamos construindo também algumas alianças com partidos assim, que tem o viés de direita, e que queiram se aliar conosco. Esse trabalho está sendo feito pelo nosso presidente do Patriotas, que é o coordenador da nossa campanha e está fazendo muito bem.
+Comentadas 2