MANAUS – Um dia depois de sugerir um redirecionamento da Zona Franca de Manaus (ZFM) para a produção de biotecnologia em vez de eletrodomésticos e eletrônicos, o apresentador de TV e presidenciável Luciano Huck divulgou um vídeo em que afirma que sua reflexão “não era para tirar nada, é para somar”.
A proposta de Huck foi expressada durante uma transmissão ao vivo na internet com o sócio sênior do banco BTG Pactual, André Esteves. Na “live”, o apresentador defendeu que é preciso “mudar o foco”.
Ele disse que, ao invés de eletroeletrônicos e “tanques de motocicleta”, a ZFM deveria produzir tecidos e cosméticos provenientes da floresta amazônica.
“Por que a gente não usa toda essa potência de produção que a Zona Franca tem, e que é muito importante para a região e para o Brasil? Mas, muda o foco”, disse. “Tem muito dinheiro para a biotecnologia para você mudar o tipo de empreendedor, o tipo de negócio que você pode fazer ali”, observou.
A fala, claro, teve repercussão entre os políticos do Amazonas, que agora temem uma nova tentativa de esvaziamento do modelo caso Huck chegue ao Planalto.
Uma das reações veio do deputado federal Marcelo Ramos (PL), que, segundo Huck, enviou questionamento direto a ele pelo WhatsApp. Nesta terça-feira (5), o apresentador enviou uma resposta em vídeo para ser divulgada por Marcelo em que diz temer que sua fala sobre a ZFM tenha sido tirada de contexto.
“Ontem (3), eu fiz uma live no comecinho da noite, onde o tema Zona Franca apareceu e eu fiquei com medo de que uma ou outra frase fora do contexto pudessem desvirtuar a imagem e o aprendizado que estou tentando construir em relação a Zona Franca de Manaus. Eu sei da importância da Zona Franca não só para região Amazônica mas para o Brasil inteiro. A minha reflexão de ontem não era para tirar nada, é para somar. A Zona Franca tá pactuada até 2050 (na verdade, foi prorrogada até 2073)”, disse o apresentador.
“Então, como é que você pontencializa isso? Como é que você cria uma narrativa 4.0 para Zona Franca de Manaus? O mudo inteiro hoje quer consumir o alimento da floresta, cosméticos da floresta, o tecido da floresta. Como é que você agrega isso na cadeia de produção da Zona Franca de Manaus? Como é que você traz para essa região do país parte desses 55 trilhões de dólares que estão na mesa? E que antes estavam focados no investimento petroquímica, em gás, em petróleo, dos grande fundos mundiais e agora eles estão mirando nesta biotecnologia, nesta bioindústria”, completou Huck no vídeo endereçado a Marcelo, que respondeu.
O deputado amazonense disse que concorda com a ideia de que o modelo precisa ser ampliado para uma produção mais identificada com as vocações naturais do Estado. Marcelo também propôs ao presidenciável uma “live” para discutir o tema e convidou Huck para conhecer o Polo Industrial de Manaus.
“Eu tenho certeza que (depois da visita) você vai sair ainda mais sensível de que esse é o modelo que precisa ser fortalecido para que a gente faça essa migração que você propõe, consiga desenvolver uma indústria mais identificada com as nossas vocações”, declarou o deputado no vídeo.