MANAUS – Apuí, Humaitá e Manicoré, no Sul do Amazonas, enfrentam os impactos da cheia dos rios, com estradas submersas e risco de desabastecimento. O prefeito de Apuí, Marcos Maciel, confirmou que mais de 530 famílias já tiveram casas atingidas pelas águas, enquanto a BR-230 (Transamazônica) está interditada, isolando cerca de 70 mil pessoas.
Em entrevista, Maciel relatou que pediu a intervenção do DNIT, por meio do senador Eduardo Braga (MDB). A medida emergencial inclui o uso de balsas para transportar caminhões com alimentos, medicamentos e água mineral.
“Apuí sofre as consequências por causa do isolamento da Transamazônica (BR-230), que é nosso único meio de acesso. O senador Eduardo Braga mobilizou o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para liberar balsas que irão trazer as carretas de Humaitá até Apuí. Isso é a nossa esperança de trazer alimentação para cá. Já chegou uma balsa, trazendo 12 caminhões com frios, com medicamentos, com água mineral. O que era de mais urgente e emergente chegou ontem. Deu uma aliviada para o final de semana. A gente tem uma certa margem de segurança”, explicou o prefeito Marcos Maciel”, disse.
Estado de Emergência e Logística Crítica
No dia 28 de março, Apuí decretou situação de emergência por 180 dias devido aos estragos na BR-230, principal via de acesso à região.
O DNIT está contratando balsas para ligar Humaitá a trechos da rodovia não alagados, mas o desvio aumentará o tempo de viagem em 36 horas. A iniciativa também visa escoar a produção local, como queijos da região de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré.
Saúde e Educação prejudicados
A crise afetou serviços essenciais: pacientes graves estão sendo removidos por aviões UTI — oito voos já foram realizados, com custos elevados. Enquanto isso, o ano letivo de 2025 foi suspenso indefinidamente devido a danos em estradas e ao risco de falta de energia.
“Já tivemos oito fretamentos de avião UTI nesse período. É um custo muito alto. Os pacientes de emergência de Manicoré estão sendo atendidos aqui em Apuí”, disse Marcos Maciel.
O calendário escolar foi suspenso sem data para o início do ano letivo em 2025. Inicialmente, havia o risco de falta de energia elétrica nas escolas em decorrência da incerteza da chegada do combustível. Uma balsa da Amazonas Energia abasteceu Santo Antônio do Matupi e Apuí, evitando apagões.
Ruas e pontes foram danificadas pelas fortes chuvas dos últimos meses, impactando também no transporte escolar.
“Apuí tem a maior malha viária do estado. São 2.800 quilômetros de estradas vicinais que tem de ser percorridos todos os dias pelos ônibus, pelas vans, pelas caminhonetes para levar essas crianças até as escolas. Deteriorou tudo. Em quatro meses de mandato, já recuperamos 59 pontes este ano. É tudo absurdo aqui por conta da grande quantidade de chuva. As estradas estão arrebentadas por todos os lados que se anda aqui”, disse o prefeito.