MANAUS – O prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), reclamou de ter sido convidado a participar da cerimônia de posse do novo superintendente da Suframa, Algacir Polsin, mas sem direito a discursar. O descontentamento foi exposto pelo tucano em suas redes sociais.
A cerimônia foi realizada na quarta-feira (17), de forma virtual. No ato, discursaram, além de Algacir, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e o secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec) do Ministério da Saúde, Carlos Alexandre Da Costa.
No texto, Arthur disse que fez a reclamação direta ao superintendente, ao receber uma ligação de Algacir, ainda na quarta-feira.
“Disse a ele com sinceridade, da qual procuro jamais escapar, da contrariedade que me causou ter sido convidado para acompanhar a cerimônia, sem direito à voz de Manaus que, no Amazonas, deixando-se de lado fictícias hierarquias, indubitavelmente, é a mais representativa de todas, por ser cidade-Estado com cerca de 2,3 milhões de habitantes e pouco mais de 80% do PIB do Amazonas”, escreveu o prefeito.
No texto, Arthur diz que aproveitou o telefonema também para indicar desafios do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) que ele entende que merecerem atenção do superintendente.
“A conversa foi muito boa e sinto que ainda temos muito que dialogar. Não me limitei a elogios, claro que expressando meus votos de felicidade pessoal e profissional, mas alertei que, no ritmo da presente toada, com ou sem incentivos fiscais, a Zona Franca não subsistirá por muito tempo. Seu parque industrial está envelhecido. Não se investe, de verdade, em P&D, em inovação, em formação de robusto capital intelectual, em qualificação da mão de obra. Se a economia estivesse “bombando”, haveria um caos portuário. Não temos hidrovias. Temos rios magníficos, porém, repito, não contamos com hidrovias, que encurtariam caminhos e reduziriam os custos Zona Franca. Nossa telefonia celular é péssima. Nossa internet é contra os negócios, de tão precária que se revela. Precisamos de novos polos: o de áudio e vídeo está condenado à caducidade, assim como outros que ainda vão sobrevivendo”, escreveu o prefeito.
Críticas a Bolsonaro
A falta de espaço de fala para Arthur na posse do novo chefe da autarquia federal pode ter uma explicação nas críticas do prefeito ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Durante o pico da pandemia do novo coronavírus em Manaus, o prefeito ocupou espaço na imprensa local, nacional e internacional criticando o Governo Federal na condução das ações de combate ao novo coronavírus.
Em reunião ministerial do dia 22 de abril, Bolsonaro xingou Arthur, demonstrando toda sua irritação com as críticas públicas do prefeito.
Na ocasião, o presidente da República chamou Arthur de “bosta de prefeito”.