Por Lúcio Pinheiro* |
Em reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com governadores, nesta quinta-feira (31), em Brasília, o vice-governador do Amazonas, Tadeu de Souza (Avante), pediu que o governo federal reavalie o uso da estrutura das Forças Amazonas na região, de modo que ela possa colaborar com as forças de segurança local no enfrentamento do crime organizado.
Para o vice-governador, é difícil compreender por que um aparato estatal qualificado não está integrado às ações de combate ao crime organizado, principalmente nas regiões de fronteira do Estado do Amazonas com grandes produtores de drogas, como os países da Colômbia e do Peru.
“Penso que, especificamente com relação ao Amazonas, há uma necessidade de reavaliação e reflexão sobre as estruturas das Forças Armadas, que estão principalmente na área de fronteira”, declarou o vice-governador, que representou o governador Wilson Lima (UB) na reunião.
“[…] creio que há uma certa sacralidade sobre o papel das Forças Armadas, sobre a formação e vocação das Forças Armadas, mas penso que há uma necessidade de fazer uma intensificação da cooperação com a estrutura das forças estaduais, principalmente no Amazonas. Porque é um recurso humano qualificado e disponível e que, muitas vezes, para o amazônico que está lá na fronteira, é difícil compreender por que a força pública estatal tão disponível muitas vezes está distante, desalinhada do projeto de enfrentamento ao crime”, completou Tadeu.
PEC da Segurança Pública
Lula convocou a reunião com os governadores para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.
A PEC dá mais poder às polícias Federal e Rodoviária Federal, além de fazer um redesenho da política de segurança no país. O texto é uma iniciativa do Ministério da Justiça e foi enviado em junho para análise de Lula.
O presidente defende maior espaço do governo federal no enfrentamento ao crime organizado.
A PEC coloca o Sistema Único de Segurança Pública na Constituição. A ideia é dar maior competência à União para criar um plano nacional de segurança pública e um plano sobre o sistema prisional. Isso inclui ainda uma coordenação nacional, com inteligência única e padronização de dados.
Bases fluviais
O vice-governador do Amazonas também cobrou a instalação de novas bases fluviais nos rios do Amazonas.
Para Tadeu, as duas bases instaladas no Estado tem conseguido impor prejuízo à logística do transporte de drogas pelos rios, mas ainda não é suficiente.
As bases são operadas em cooperação entre as forças de segurança do Amazonas e do governo federal.
“Ainda na gestão do ministro Flávio Dino [ex-ministro do Ministério da Justiça], foi anunciado o programa Amazonas: soberania e segurança [Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS)], em que havia a implantação, por exemplo, de 27 novas bases fluviais. São arranjos administrativos que precisam ser acelerados, que vão reforçar ainda mais esse enfrentamento necessário, particularizado dentro do Estado do Amazonas”, cobrou Tadeu.
“Acho que o Estado do Amazonas contribui muito com a diminuição do fluxo comercial varejista em todas as capitais. Os países [estados] que fazem parte da Amazônia profunda, como Acre, como Amazonas, como o próprio Amapá, precisam da criação desses filtros e barreiras. Muitas vezes os arranjos administrativos já estão produzidos, falta muitas vezes a intensificação”, completou o vice-governador do Amazonas.
*Com informações da Agência Brasil