Por Janaína Andrade |
Relatório da PF (Polícia Federal) divulgado nesta quinta-feira, 11, mostra que a “Abin paralela”, grupo suspeito de usar estrutura da agência para espionar adversários políticos, monitorou ministros da cúpula do STF (Supremo Tribunal Federal) e o ex-vice presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PT).
A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira, 11, uma operação para prender os responsáveis pelo esquema de monitoramento ilegal. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O ministro atendeu pedido da Polícia Federal e decretou a prisão de cinco investigados, além de autorizar afastamentos da função, buscas e compartilhamento de informações para apuração sobre monitoramento ilegal de pessoas e autoridades públicas.
Reportagem do site Metrópoles mostra que, preso preventivamente nesta quinta-feira (11), Marcelo Bomevet, que chefiou o Centro de Inteligência Nacional da Abin, enviou mensagem ao militar Giancarlos Rodrigues, também detido nesta quinta-feira.
“Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara. Outro vagabundo pra olhar com carinho”, escreveu Bomevet.
Giancarlos respondeu: “Vou dar a dia [dica] para o pessoal lá do grupo. Kkkkk”. As mensagens foram trocadas em julho de 2021.
Em publicação nas redes sociais, Ramos disse que o Governo Bolsonaro “não tinha limites morais ou legais”. E diz ainda que “eles” não aprenderam a conviver com as “diferenças naturais do debate político”.
Abaixo, a íntegra da publicação de Marcelo Ramos:
Sobre as investigações acerca deste que seria um monitoramento clandestino de autoridades, o meu incômodo é apenas com mais uma constatação de que, infelizmente, esse governo anterior não tinha limites morais ou legais. O ponto positivo é a apuração dos fatos e a punição dos envolvidos. Quem faz o certo não teme monitoramentos. Só nunca podemos admitir ilegalidades. Estando ao lado da democracia e da missão pública encarada com lisura e coerência, mas com a combatividade necessária frente a posturas inaceitáveis, fui vítima de criminosos. Eles não aprenderam a conviver com as diferenças naturais do debate político. Daqui por diante esse não é um assunto da política, é um assunto da polícia. Que se faça justiça. Seguiremos na nossa luta também por justiça social e garantia de direitos.