Da Redação |
Matéria de O Globo desta quinta-feira (11) informa que a Polícia Federal aponta que o senador Omar Aziz (PSD-AM) foi uma das autoridades brasileiras monitorada pela estrutura paralela que vigorou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro.
A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira uma operação para prender os responsáveis pelo esquema de monitoramento ilegal. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O ministro atendeu pedido da Polícia Federal e decretou a prisão de cinco investigados, além de autorizar afastamentos da função, buscas e compartilhamento de informações para apuração sobre monitoramento ilegal de pessoas e autoridades públicas.
Em nota, Omar afirmou que foi perseguido por 4 anos. E que a revelação reforça que ele estava do lado certo da história. Leia abaixo a nota:
“Fui informado hoje que meu nome estava na lista das pessoas monitoradas pela Abin sob ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lista essa tornada pública ontem pelo STF, que mandou prender parte do grupo responsável pelas investigação ilegal. Foram quatro anos de perseguição, averiguação e análise da minha vida sem nada encontrarem. Porque não devo nada! Uma mostra de que eu caminho do lado correto da história, dos que defendem a democracia e lutam pelo seu povo, apesar das adversidades. Tive a vida devassada, fui acusado e atacado. E permaneci de cabeça em pé enfrentando os detratores e lutando por um Brasil e por um Amazonas melhor. Assim permanecerei. Um grande abraço a todos”.
Quem eram os monitorados, segundo a PF:
PODER JUDICIÁRIO: Ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux;
PODER EXECUTIVO: Ex-governador de São Paulo, João Dória, servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
PODER LEGISLATIVO: Deputado Federal Arthur Lira (Presidente da Câmara dos Deputados), Deputado Rodrigo Maia (então Presidente da Câmara dos Deputados), Deputados Federais Kim Kataguiri e Joice Hasselmann, Senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.
JORNALISTAS: Monica Bergano, Vera Magalhães, Luiz Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
First Mile
A decisão foi tomada nos autos da PET 12732, que investiga o uso do sistema de inteligência First Mile, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por delegados, agentes e servidores públicos.
Segundo a Polícia Federal, foram constatados elementos concretos de uma organização criminosa que atuava em núcleos para elaboração de dossiês contra ministros, parlamentares e outras pessoas a fim de divulgar narrativas falsas e incitar, direta ou indiretamente, tentativa de golpe de estado e enfraquecimento das instituições.
“Os investigados, segundo a Polícia Federal, participaram de uma estrutura espúria infiltrada na Abin voltada para a obtenção de toda a ordem de vantagens para o núcleo político, produzindo desinformação para atacar adversários e instituições que, por sua vez, era difundida por intermédio de vetores de propagação materializados em perfis e grupos controlados por servidores em exercício na Abin. O Relatório da Polícia Federal traz prova da materialidade e indícios suficientes dos graves delitos praticados”, destacou o ministro em sua decisão.
No parecer sobre o caso, a Procuradoria Geral da República indicou que os elementos apresentados apontam a existência de uma organização que pretendia atacar o sistema republicano.
“Os elementos condensados na representação policial revelaram que a estrutura infiltrada na Agência Brasileira de Inteligência representava apenas uma célula de organização criminosa mais ampla, voltada ao ataque de opositores, instituições e sistemas republicanos. As ações do grupo criminoso não se esgotam em um único inquérito, sendo importante o compartilhamento de provas para o melhor enquadramento das condutas praticadas.”