Da Redação |
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) instaurou um inquérito para apurar os critérios de escolha dos integrantes no Comitê Estadual para a Prevenção e Combate à Tortura do Estado do Amazonas.
“A Instauração teve origem nos fatos que tomaram recentemente a atenção das mídias nacional e local a respeito da seleção de Luciane Barbosa Farias como representante do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura e sua participação em evento nacional do Ministério da Justiça, além de outras visitas da referida pessoa a diversos outros órgãos de Administração Superior do Executivo Federal”, explicou o Promotor de Justiça Iranilson de Araújo Ribeiro.
“Conforme restou também noticiado, Luciane Farias é condenada em 2ª Grau de Jurisdição pela prática de integrar Organização Criminosa, por associação criminosa e por lavagem de capitais”, declarou o Promotor de Justiça da 77ª Promotoria de Justiça, Edinaldo de Aquino Medeiros
O MP-AM pede ainda que pare qualquer ação que confirme a escolha de Luciane Barbosa Farias para o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura. Se a nomeação já foi feita, o órgão requer que sejam tomadas medidas necessárias para remover Luciane do cargo dentro de cinco dias.
Quem é Luciane
O jornal Estadão noticiou nesta semana que assessores do Ministério da Justiça e Segurança Pública participaram, no primeiro semestre, de duas audiências com Luciane Barbosa Farias. Segundo a matéria, ela é esposa de Clemilson dos Santos Farias, “o Tio Patinhas”, apontado como líder da facção criminosa Comando Vermelho no Amazonas.
Clemilson foi condenado por lavagem de dinheiro, associação ao tráfico e organização criminosa, e cumpre pena de 31 anos no presídio de Tefé (AM).
Segundo o Estadão, Luciane seria conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, e esteve no Ministério da Justiça no dia 19 de março, para audiências com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos de Flávio Dino, e em 2 de maio, quando se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
Em entrevista na última quarta-feira (15), Luciane disse que não integra nenhuma facção criminosa. E que conheceu sua alcunha de “dama do tráfico amazonense” pela imprensa.
“Nunca fui conhecida como ‘Dama do Tráfico’, e sim com Lu Farias”, disse.
Luciane disse que foi investigada por associação ao tráfico, mas foi absolvida. Ela preside a Associação Instituto Liberdade do Amazonas), que defende direitos de presos no Amazonas.
“Não ficou comprovado que eu fazia parte de organização criminosa. Não sou faccionada. Sou esposa do Clemilson. Meu esposo está preso, pagando pelo erro dele. Nunca levantei bandeira defendendo crime. Mas defendo a constituição”, afirmou.
Segundo ela, suas visitas a órgãos públicos este ano, entre eles o ministério de Flávio Dino, ocorreu nesse contexto de defesa dos direito dos presos e de denúncia da péssima qualidade dos presídios do Amazonas.
Estava lá [no Ministério da Justiça] como presidente da associação levando um dossiê referente às mazelas do sistema prisional. O meu trabalho na instituição é levantar denúncias dos familiares sobre o sistema carcerário”, disse.
Luciane disse nunca ter se encontrado com Flávio Dino e não ter informado nas visitas que era esposa de Clemilson.