Da Redação |
A pedido do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Guarda Municipal de Manaus passou a fazer rondas no sítio arqueológico Ponta das Lajes, à margem do rio Negro, no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona Leste da capital.
A informação foi divulgada neste sábado (28) pela Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semseg).
“A superintendente estadual do Iphan no Amazonas nos procurou e pediu nosso apoio para a preservação do patrimônio histórico. Com a baixa do rio Negro, apareceu uma grande formação de pedras com gravuras antigas e que o acesso de pessoas a esses locais pode vandalizar ou destruir esses artefatos arqueológicos. Por esta razão, prontamente nos colocamos à disposição, remanejando uma guarnição da Guarda Municipal para realizar ronda naquela área”, explicou o secretário da Semseg, Sérgio Fontes.
As gravuras do sítio arqueológico Ponta das Lajes passam boa parte do tempo submersas. Elas haviam ficado visíveis na última grande seca, em 2010. Neste ano, em que a cidade registrou a maior vazante em 121 anos de leitura pelo porto de Manaus, elas voltaram a ficar expostas, atraindo curiosos ao lugar. Por esta razão, o Iphan teme que os visitantes danifiquem ou subtraiam parte do material, que é considerado patrimônio cultural brasileiro.
No último dia 24, um doutor em História, Otoni Moreira de Mesquita, esteve com um grupo no local, com o intuito de fazer “registros” das gravuras.
Na ação, Otoni aplicou uma substância nas gravuras. As imagens foram publicadas nas redes sociais, o que provocou uma reação muito forte na Internet e de autoridades.
Em texto publicado em um site de notícia de Manaus, Otoni pediu desculpas, mas ressaltou que o material aplicado nas gravuras não era de origem industrial, e que o mesmo foi removido ainda no local.
“O caulim é um produto que não contém qualquer substância industrial, e é inteiramente natural, sem aglutinante, ou qualquer outro produto que possa intervir e agredir a obra. Assim, o caulim foi depositado no interior das incisões do desenho e logo depois foi imediatamente retirado com a água do próprio rio negro, após eu ter feito o registro fotográfico”, afirmou o professor aposentado.
“Peço, portanto, que tentem compreender o fato, a partir do ponto de vista do interesse acadêmico, pois um registro pode contribuir com futuras interpretações. Em momento algum pretendi agredir a obra, ou ferir a memória de nossa ancestralidade. Peço minhas sinceras desculpas àqueles que, por alguma razão, se sentiram ofendidos com a adoção do meu método de investigação, que está dentro dos pressupostos de formação acadêmica. Agradeço a todos aqueles que foram capazes de ouvir e compreender o fato, e reitero minha justificativa, com o presente esclarecimento”, completou Otoni.