Por Janaína Andrade|
MANAUS – A Rede Sustentabilidade, no Amazonas, divulgou uma nota na noite desta quinta-feira, 5, onde classifica de arrogantes, misóginos e machistas a classe política do estado que, ao longo da última semana, miraram críticas contra a oposição da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao licenciamento ambiental para permitir a conclusão da BR-319. Marina é filiada ao partido.
A ministra integrou comitiva do Governo Federal que visitou nesta semana áreas afetadas pela seca no Amazonas.
“A classe política que se perpetua no poder, já tem o roteiro pronto. Atacar autoridades como a Marina e fugir das suas responsabilidades. São estratégias para disputa de votos nas próximas eleições com vídeos que sempre tiveram como essência, sobretudo, a arrogância e superioridade masculina na política. (…) são expressões de misoginia que infelizmente se perpetuam em diversas relações de poder dentro e fora da Amazônia”, diz trecho da nota.
Com o isolamento provocado pela seca dos rios em várias regiões do Estado, políticos como o senador Omar Aziz (PSD), que é aliado do governo Lula, afirmam que se a estrada estivesse em operação o Amazonas não estaria na situação que se encontra hoje. Na sessão de quinta, deputados da ALE-AM (Assembleia Legislativa do Amazonas) aprovaram uma moção de repúdio à ministra.
“A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é referência mundial no tema e merece respeito. A classe política amazonense, que está no poder há mais de 40 anos, grita, aponta o dedo e engrossa a voz para uma mulher amazônida, que defende e reforça a importância da Amazônia em todos os lugares em que ocupa, sejam eles no Brasil ou em debates internacionais sobre clima”, diz trecho da nota.
Na nota, o partido de Marina no Amazonas diz que “a BR-319 é o principal palanque eleitoral dos pseudo-defensores do “progresso” no Amazonas e que esses mesmos parlamentares “não fizeram isso quando o ministro era um homem, Ricardo Salles, condenado por crimes ambientais.
“O mesmo não ocorreu com o ex-presidente Bolsonaro e seu vice-presidente Hamilton Mourão, cuja gestão foi marcada por manifestações públicas de deboche sobre pessoas sem oxigênio em Manaus. (…) Mourão chegou a dizer que comeria a sua boina se não asfaltasse a BR-319. Não vimos os senadores Omar (Aziz), (Eduardo) Braga, muito menos Plínio Valério cobrarem o seu colega de senado para efetuar a promessa”, sustentam na nota.
Reações
No Senado, no último dia 26 de setembro, Omar Aziz defendeu a necessidade de uma solução para a questão da BR-319 e criticou a atuação da ministra do Meio Ambiente, que tem o passado de oposição à conclusão da estrada.
“Eu a condeno por fazer com que o meu Estado fique isolado. Ela não tem propostas ambientais para o Brasil. Só sabe dizer ‘não pode’ e ‘não deve’. Eu estou acusando a Marina Silva de ser a responsável pelo isolamento do meu Estado, do povo do Amazonas”, disse o senador.
O deputado estadual Sinésio Campos, presidente estadual do PT, no Amazonas, se juntou à grita de parlamentares bolsonaristas. Sinésio disse nesta quinta-feira (5) que não é um “petista extremista”, que “acolhe tudo que o chefe manda”, em referência à cobrança que fez à ministra durante sua visita à Manaus. Reportagem do BNC, mostrou que o parlamentar chegou a apontar o dedo contra o rosto de Marina Silva durante agenda na capital amazonense na quarta-feira, 4, ao cobrar o destravamento da recuperação da BR-319.
Durante a gestão federal anterior, não há registros de Sinésio apontando o dedo no rosto de ministros bolsonaristas.