MANAUS – O governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), reforçou o coro de críticas de governadores do Norte e Nordeste às declarações feitas pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de uma frente de “protagonismo” das regiões Sul e Sudeste. Lima taxou a fala do governador de Minas como “ruim” e afirmou que a pobreza, no Brasil, se concentra nas regiões Norte e Nordeste.
“Uma declaração dessa é muito ruim porque a pobreza se concentra no Norte e no Nordeste. Sul e Sudeste não querem abrir mão do que eles têm em termos de competitividade, mas é necessário um equilíbrio. É muito perigoso estabelecer um cabo de guerra entre as regiões e colocar uma população contra a outra“, afirmou o governador Wilson em entrevista ao Estadão publicada neste domingo, 6.
Lima, que se apresenta como um político de direita, assim como Zema, avaliou que a busca por um candidato para 2026 precisa estar separada dos interesses relacionados ao acesso de recursos para regiões como Norte e Nordeste. “A reforma tributária está acima de qualquer questão partidária. Eu sou de direita, todo mundo sabe disso, mas procuro um caminho de equilíbrio”, completou.
Zema, em entrevista ao Estadão publicada no sábado, 5, afirmou que os governadores do Sul e do Sudeste querem mais “protagonismo” na política e na economia e vão agir em bloco para evitar perdas econômicas contra as outras regiões. Além disso, o governador de Minas estimulou o lançamento de um candidato de direita do grupo à Presidência nas eleições de 2026.
“Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos, não senhor. Nós queremos proporcional à população. Por que sete Estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, diz Zema em trecho da entrevista.
Na entrevista, Zema diz que a frente Sul-Sudeste buscará, além do protagonismo econômico, que segundo ele representa 70% da economia brasileira, o protagonismo político.
“O que nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos – que é necessário, mas tem um limite – de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada. A reforma tributária, fizemos outro questionamento. Está sendo criando um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade…Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, diz o governador de Minas que recebeu apoio público do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do PSDB.