Por Lúcio Pinheiro |
Manaus completa uma década entre as 20 cidades com pior saneamento básico, em um ranking que analisa o serviço nos 100 maiores municípios do Brasil.
O relatório é produzido pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, e foi divulgado nesta segunda-feira (20).
Acesso a água potável: Enquanto 99,7% da população das 20 melhores cidades têm acesso às redes de água potável, nos 20 piores municípios, o número é de 79,6% da população. Em Manaus, esse número é de 97,5%.
Acesso a coleta de esgoto: 97,9% da população nos 20 melhores municípios têm acesso aos serviços, enquanto somente 29,2% da população nos 20 piores municípios são atendidos. Na capital do Amazonas, o acesso a esse serviço é realidade para apenas 25,4%.
Tratamento de esgoto: Enquanto o primeiro grupo tem, em média, 80% de cobertura de tratamento de esgoto, o grupo dos piores trata apenas 18,2% do esgoto produzido. Em Manaus apenas 21,5% do esgoto coletado é tratado.
Perdas na distribuição: Entre as melhores cidades, 29,9% da água produzida é desperdiçada na distribuição por conta de tubulações antigas e “gatos”. Já entre as piores, o indicador chega a 51,3%. Em Manaus, 59,7% da água prozudida é perdida.
Investimento em saneamento: Enquanto as 20 melhores cidades investem, em média, R$ 166,5 por habitante, em saneamento. A média de investimento entre as 20 piores é de R$ 55,4. Em Manaus, R$ 88.
O levantamento faz uma análise dos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano de 2021, publicado pelo Ministério das Cidades.
Desde 2009, o Instituto Trata Brasil monitora os indicadores dos maiores municípios brasileiros com base na população, com o objetivo de dar luz a um problema histórico vivido no país.
Evolução
Apesar de permanecer por 10 anos entre os 20 piores, o saneamento de Manaus melhorou em relação ao ranking de 2022. Naquele ano, a capital do Amazonas era a 89ª pior. No estudo divulgado nesta segunda-feira, a cidade subiu para 83ª.
O melhor desempenho de Manaus foi no ano de 2012, quando a cidade ficou na 82ª posição de 100 cidades analisadas.
O serviço de água e esgoto em Manaus é concedido à empresa Aegea Saneamento e Participações S.A (Águas de Manaus).
O grupo assumiu o serviço de água e esgoto na capital do Amazonas em 2018, ao adquirir a Manaus Ambiental e a Rio Negro Ambiental, que eram as responsáveis pelos serviços.
Leia a íntegra do estudo AQUI.
CPI
A insatisfação com os serviço da Águas de Manaus motivou os vereadores da cidade a instalarem uma Comissão Especial Parlamentar de Inquérito (CPI).
Segundo os autores da proposta, a CPI vai investigar as possíveis irregularidades cometidas pela concessionária na prestação do serviço.
A CPI escolha na primeira reunião de instalação, marcada para esta segunda-feira, 20, quem será o vice-presidente e relator da comissão.
Outro lado
O site questionou a empresa sobre o ranking 2023 do Instituto Trata Brasil. Em resposta, a Águas de Manaus disse que o ranking utiliza dados com defasagem de dois anos – ou seja, o estudo de 2023 tem indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do ano de 2021. Com isso, segundo a concessionária, parte das melhorias realizadas desde a chegada da Aegea em Manaus, em 2018, ainda não foi computada no material divulgado pelo Trata Brasil.
A Águas de Manaus diz ainda que Manaus é a capital do Norte que mais recebeu investimentos em saneamento básico no Brasil nos últimos cinco anos. “A cidade também está entre as sete maiores do país em volumes de investimentos no período, superando R$ 1 bilhão em recursos aplicados no setor. Com isso, a cidade já avançou 15 posições no Ranking do Saneamento, do Instituto Trata Brasil, desde o início das operações da Águas de Manaus, saindo da colocação 98 para a 83 no estudo divulgado nesta segunda-feira (20)”, diz trecho da reportagem enviada à imprensa.
A cobertura de esgotamento sanitário, afirma a Aegea, cresceu 40% nos últimos anos, chegando atualmente a 26% da capital. A previsão é que o serviço seja universalizado nos próximos anos, beneficiando aproximadamente 2 milhões de habitantes. “Até 2039, a Águas de Manaus prevê R$ 4,4 bilhões em investimentos. Até 2027, o montante será de R$ 1,8 bilhão”, diz outro trecho do release.