Por Lúcio Pinheiro |
O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) aclamou, nesta terça-feira (8), a desembargadora Nélia Caminha como nova presidente do Judiciário amazonense.
Em 131 anos de existência do TJ-AM, Nélia é apenas a terceira mulher a ocupar a presidência.
Na mesma sessão, os desembargadores aclamaram como vice-presidente a desembargadora Joana Meirelles.
O desembargador Jomar Fernandes foi aclamado corregedor-geral.
A sessão do TJ-AM deste terça-feira durou apenas 9 minutos, tempo utilizado para realizar a eleição.
História
Com a presença de Joana no posto de vice-presidente, pela primeira vez na história, o TJ-AM terá mulheres ocupando, simultaneamente, os seus dois principais postos de direção.
No seu primeiro discurso após a eleição, Nélia afirmou que fará uma eleição compartilhada com os colegas. O mandato da nova presidência inicia em janeiro de 2023.
“Quero agradecer a confiança em mim depositada pelos meus pares. Pretendo fazer uma gestão compartilhada. Conto com os senhores, porque sozinho ninguém faz nada. Estamos juntos para enfrentar esse desafio”, declarou a presidente eleita.
Mulheres no TJ-AM
A desembargadora Maria das Graças Figueiredo, que já foi presidente do TJ-AM (2015-2016), ressaltou durante a sessão o quanto é raro a presença de mulheres em cargos de comando no Judiciário.
“É uma presidência e vice-presidência compostas por mulheres. Teremos uma gestão excepcional, se Deus quiser. E faço essas ressalvas não porque as mulheres são mais competentes, mas por dificuldade da ascensão das mulheres em poder antes só ocupado por homens”, disse Graça após fazer um breve resgate histórico sobre a presença de mulheres em cargos de direção no TJ-AM.
O Superior Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, denominação primeira do TJ-AM, foi criado em 14 de julho de 1891. Apenas 111 anos depois, em 2002, uma mulher foi eleita presidente, a desembargadora Marinildes Costeira de Mendonça Lima.
Dez anos depois, em 2014, Maria das Graças Figueiredo foi a segunda mulher a ser eleita para o cargo.
Atualmente, Maria das Graças é a vice-presidente do TJ-AM. O mandato dela e do atual presidente, Flávio Pascarelli, encerra em dezembro deste ano.
‘Disputa que não aconteceu‘
O processo eleitoral para a próxima gestão do TJ-AM chegou a ter disputas internadas, inclusive com a apresentação de várias candidaturas.
Mas após medição de força e acordo internos, os demais candidatos retiraram as candidaturas para aclamar Nélia e Joana.
Para Pacarelli, o desfecho da disputa pela presidência é sinal de pacificação entre os desembargadores.
“Disputas para qualquer cargo eletivo, como o próprio nome sugere, são muito naturais. E é natural que haja disputa também no tribunal. Mas o dia de hoje mostra que estamos pacificados, porque estamos diante de uma aclamação, portanto, a disputa que precedia, que se anunciava, não aconteceu, em razão de muito diálogo. Portanto, eu creio que a nova direção vai ter condições de fazer um trabalho magnífico, porque vai ter o apoio, hoje demonstrado aqui, de todos os desembargadores”, afirmou o atual presidente do TJ-AM.