Por Lúcio Pinheiro
Ao falar dos seus valores e dos temas que pautarão seu mandato na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), em entrevista ao Portal A Crítica, o deputado estadual eleito George Lins (União Brasil), filho do deputado estadual Belarmino Lins (Progressistas), manifestou sua crença na meritocracia.
“Tudo na vida você precisa fazer por onde merecer. Sou uma pessoa que acredita muito na meritocracia. E graças a Deus, tudo que conquistei na minha vida foi através do trabalho, dos próprios méritos, mostrando competência”, afirmou George na entrevista, que foi ao ar na terça-feira (18).
Na ocasião, ele respondia sobre pensar em disputar a eleição para a presidência da ALE-AM. George foi eleito com o slogan “O filho do Belão”. Ele disse que espera superar o pai (que anunciou aposentadoria ao terminar o 8º mandatao), e que não entrou na política para sujar o nome. Na entrevista, o deputado eleito explicou também porque é eleitor de Jair Bolsonaro (PL) e Wilson Lima (União Brasil) no segundo turno (Veja o vídeo abaixo).
Veja a íntegra da entrevista clicando AQUI.
O pai do deputado eleito, Belarmino, conhecido como Belão, já foi objeto de investigação e ações na justiça pela prática de nepotismo, o inverso da meritocracia. Um dos casos avançava para a prática de pagamento de passagens aéreas com dinheiro da ALE-AM para familiares, que sequer eram servidores comissionados do parlamento.
Nas investigações do Ministério Público Estadual (MP-AM), o nome de George Lins constava na lista de parentes que tiveram passagens pagas com dinheiro do gabinete de Belão.
O deputado foi presidente da ALE-AM entre 2005 e 2011. E está no parlamento desde 1991.
Mais tarde, o MP-AM também identificou que vários deputados estaduais custeavam bolsas de estudos em universidades para parentes com recurso da ALE-AM. A Casa Legislativa teve por muito tempo uma verba que era destinada a pagar curso superior para servidores.
No entanto, o MP-AM descobriu que boa parte da verba estava servindo para pagar curso superior de familiares dos deputados. O jornal A Crítica, em 2010, teve acesso à lista. Um dos nomes agraciados com bolsa no gabinete de Belão era George Lins.
George Lins se formou em medicina, em 2007, na universidade particular Nilton Lins. Ele atua na rede estadual de saúde, na Fundação de Oncologia (FCecon). Nas eleições de outubro deste ano, o filho do Belão foi eleito com 44,5 mil votos.
‘O que não é proibido é permitido’
No curso do processo por improbidade administrativa relacionado a parentes nomeados no gabinete e pagamentos de passagens, Belarmino assumiu a prática, respondendo para o MP-AM que “o que não é proibido, logo, é permitido”.
Indagado à época pela reportagem do jornal Diário do Amazonas, que foi o veículo que revelou as nomeações de parentes no gabinete do deputado, Belão chegou a afirmar que enquanto nepotismo não fosse crime, os familiares seguiriam nomeados.
Por conta desse caso, o MP-AM conseguiu que a Justiça bloqueasse R$ 138 mil em bens de Belarmino. O órgão calculou que o valor gasto com passagens para parentes de Belão chegava a esse montante. O processo ainda está em curso na Justiça, segundo consulta ao portal do Tribunal de Justiça.
Segundo o MP-AM, a maioria das passagens eram compradas no período de recesso parlamentar, que é quando os deputados tiram férias.
Um dos destinos das viagens de Belão e familiares era Fortaleza. Em depoimento ao MP-AM, um dos filhos do deputado, Belarmino Lins Júnior, afirmou que a família tinha uma casa na capital cearense.
Em sua defesa, Belão sempre alegou que até 2008 nepotismo não era considerado ilegal. Com relação às passagens, ele defendeu que à época a ALE-AM tinha uma resolução que permitia ao deputado utilizar da verba para transporte livremente, inclusive pagando esse tipo de despesas para terceiros.
Bosas de estudo
Sobre o caso dos bolsistas, o MP-AM ingressou com uma ação contra a ALE-AM e mais dez pessoas. O assunto foi objeto de matéria do jornal A Crítica, em 18 de abril de 2014.
Quem assinou a ação foi o promotor Edilson Martins.
Em fevereiro de 2017, diante da repercussão do caso, os deputados decidiram extinguir o benefício de bolsas de estudo.
Legal. E vocês também investigaram que ele foi anel simbólico da turma dele? Chora aí na meritocracia. Para um entusiasta de jornalismo tecnológico, faltou essa verificação tão elementar.