Por Lúcio Pinheiro |
O presidente do Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Estado do Amazonas), Galdino Alencar, afirmou na segunda-feira (4), em audiência na ALE-AM (Assembleia Legislativa), que nos últimos dois anos o setor perdeu R$ 40 milhões em assaltos a balsas nos rios do Estado.
“A segurança dos nossos rios é outra questão muito séria e que vai chegar até os passageiros. O nosso sindicato levantou que nos últimos dois anos, [perdemos] mais de R$ 40 milhões em assaltos em balsas de combustíveis, aqui no rio Madeira, e nessa direção de Itacoatiara e Parintins, no paraná do Mocambo. Hoje, na orla de Manaus, são constantes os assaltos. As pessoas chegam na voadeira, levam motor de popa, bote. Inclusive, quem está dentro das voadeiras eles mandam jogar dentro dágua. Se a pessoa conseguir nadar até a beira, o porto, sobrevive, se não, fica por lá. Isso acontece semanalmente. A pirataria chega com lanchas adesivadas da polícia, com uniforme da Marinha, com giroflex, os comandantes reduzem a velocidade dos barcos, os piratas entram, passam três, quatro dias navegando e roubando o barco. Já houve casos de lanchas assaltadas no rio Madeira, passageiros espancados, e nós temos que tomar uma providência sobre isso”, afirmou o sindicalista.
A audiência tratava da precariedade do porto de Manaus, assim como o serviço das duas empresas que administram o local.
Galdino pontuou alguns problemas do porto, mas disse que a falta de segurança nos rios do Amazonas é um problema que precisa ser resolvido com urgência.
O presidente do Sindarma disse que fala sobre o assunto há anos.
Ele lembrou que em 2017 deu uma entrevista ao The New York Times afirmando que não demoraria muito para um turista ser morto por piratas em rios do Amazonas.
Segundo Galdino, após a publicação da entrevista, ele foi chamado ao palácio do governo, na gestão do ex-governador Amazonino Mendes (Cidadania).
O sindicalista disse que imaginava que enfim havia sensibilizado o governo a tomar providência.
“Fiquei alegre, pensando que iríamos começar um trabalho de combate à pirataria aqui no Amazonas. Mas me chamaram lá e queriam que eu retirasse o que eu tinha falado porque iria prejudicar o turismo no Amazonas”, disse Galdino.
De acordo com ele, dias depois, a esportista inglesa Emma Kelty, que fazia uma viagem de caiaque no rio Solimões, foi assassinada por assaltantes próximo ao município de Coari.
“Agora o mundo de novo está de olho no Amazonas com essas duas pessoas que foram mortas lá no Vale do Javari. Quer dizer, são problemas de segurança que vão afetar a nossa navegação, que podem trazer tragédias”, afirmou Galdino.
A audiência na ALE-AM foi promovida pelo deputado estadual Sinésio Campos (PT).
Veja a íntegra da fala de Galdino:
Foto: ALE-AM