MANAUS – Em discurso no evento de sua filiação ao Avante na noite desta quinta-feira, 24, o titular da Semulsp, Sabá Reis, disse ao prefeito de Manaus, David Almeida, que ele será governador do Amazonas.
“Eu quero encerrar a minha fala, dizendo da minha gratidão a todos, indistintamente, mas eu quero lhe dizer uma coisa: David, eu, seu amigo, o povo desse estado, aonde nós estivermos nós vamos saber te esperar, porque tu vai ser governador dessa terra, e eu quero estar com vocês para a realização desse sonho”, disse Sabá.
O evento, que está sendo realizado no Olímpico Clube, situado na avenida Constantino Nery, Presidente Vargas, zona Oeste da capital, conta a presença do presidente nacional do partido, o deputado federal Luís Tibé (Avante-MG), além de lideranças políticas da capital e do interior.
Participa do ato de filiação, o presidente estadual do União Brasil, Pauderney Avelino. O partido é a nova legenda de Wilson Lima, que deixou o PSC para concorrer à reeleição pelo União Brasil.
David demonstrou nesta quarta-feira (23) que pode ter recuado alguns passos na aliança com Wilson para as eleições de 2022.
Além disso, indicou que ao contrário do que vinha pregando em discursos desde as eleições de 2018, está disposto – usando expressão dele mesmo – a reabrir a “cortina da história” para caciques como Amazonino Mendes (sem partido) e Eduardo Braga (MDB).
‘Vice é meu’
David já externou que uma das condições para apoiar um candidato ao governo seria indicar o vice da chapa.
“Para eu apoiar um candidato vou ter que indicar o vice”, disse David em entrevista ao ESTADO POLÍTICO em novembro de 2021.
Passados quatro meses, não há indicação de que Wilson, por exemplo, tenha abrigado esse desejo de David em seu projeto de reeleição.
David tem entre os nomes para oferecer como vice os secretários Sabá Reis (Limpeza) e Shádia Fraxe (Saúde).
No mês de março, as agendas conjuntas de David e Wilson esfriaram.
Um ponto emblemático desse distanciamento foi a forma como cada um se movimentou diante da medida do governo federal de reduzir a alíquota de IPI dos produtos fabricados na Zona Franca de Manaus (ZFM).
David reuniu lideranças políticas locais para tratar do assunto, entre elas figuras que têm a antipatia de Bolsonaro, como o senador Omar Aziz (PSD) e o deputado federal Marcelo Ramos (PSD), que não pouparam críticas ao presidente.
Convidado, Wilson não compareceu à reunião de David. E outros aliados de Bolsonaro, como o Coronel Menezes, criticaram as companhias do prefeito de Manaus.
O fato repercutiu negativamente no Planalto, e acabou afastando David de uma reunião entre Wilson e Bolsonaro para tratar do assunto.
É possível que o fato, entre outros, tenha desalinhado em alguma medida a relação entre os dois.
O governador do Amazonas vai tentar a reeleição com o apoio de Bolsonaro. Por isso, evita a qualquer custo desagradar o aliado do Palácio do Planalto.
Até mesmo quando foi publicado o decreto do IPI sem sequer ter sido alertado pelo presidente, Wilson calibrou o discurso.
Chegou a falar que a decisão de Bolsonaro tinha sido na melhor da intenção e que havia muita histeria local sobre as consequências da medida, mesmo admitindo seu efeito danoso para a ZFM.