Da Redação |
Em reunião com membros da bancada federal, do comércio e da indústria, nesta segunda-feira (28), o prefeito David Almeida (Avante) propôs o envio de uma carta ao governo federal defendendo a exclusão da Zona Franca de Manaus (ZFM) do alcance do decreto que reduz em até 25% a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
A proposta do prefeito é apostar primeiro no diálogo, expondo à gestão de Jair Bolsonaro (PL) a importância da ZFM para a região e a necessidade de tratar o modelo econômico do Amazonas de forma diferenciada.
Segundo o prefeito, caso o diálogo não resolva, restará a alternativa de levar o caso à Justiça.
“Hoje, dia 28, comemoramos 55 anos da Zona Franca e estamos aqui, nessa reunião com representantes da indústria e da política para discutir a defesa dos interesses do nosso modelo de desenvolvimento econômico. Nós estamos unidos, e o povo amazonense está representado nessa mesa. O Polo Industrial foi muito abalado e prejudicado com o decreto publicado pelo governo federal, e nós queremos que se mantenham as vantagens comparativas do PIM. Não somos contra o decreto que beneficia 300 mil indústrias, mas que esse decreto seja estendido e outro seja publicado uma extensão mantendo essas vantagens da Zona Franca de Manaus. Esse é o primeiro caminho, a união e o diálogo. Posteriormente, caso não consigamos, temos outros caminhos e não excluímos combater a própria publicação”, disse David.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), não participou da reunião. Segundo a prefeitura, ele foi convidado.
O site apurou que havia um acerto para que o governador participasse da reunião de forma remota, por vídeo, o que não ocorreu.
David manifestou o desejo de participar de uma reunião para tratar do assunto entre a bancada federal do Amazonas e o ministro Paulo Guedes (Economia).
“Buscamos um discurso unificado e soluções para que possamos reverter essa decisão expondo o ponto de vista político e técnico. Aqui, ninguém está procurando o protagonismo. O nosso partido aqui é o Amazonas e o nosso candidato é a Zona Franca de Manaus. Estamos todos no mesmo partido, trabalhando pelo mesmo candidato, que é o nosso modelo de desenvolvimento. Infelizmente, no dia que completamos 55 anos de Zona Franca de Manaus, recebemos o pior presente que poderíamos. Essa é a realidade”, afirmou o prefeito.
O governador realizou uma coletiva no sábado (26) para tratar do assunto.
Semelhante a David, Wilson propôs também investir no diálogo. Se não houve sucesso, o governador indicou a alternativa de questionar o decreto do STF (Supremo Tribunal Federal).
Na coletiva de sábado, Wilson disse que a decisão do governo federal de reduzir em até 25% a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para todo o país é danosa para a Zona Franca de Manaus (ZFM), “mas não é motivo para histeria”.
A fala de Wilson demonstra uma preocupação política. Aliado de Bolsonaro, o governador tomou uma bolada nas costas. E agora é cobrado, principalmente por lideranças políticas locais, que não são simpáticas ao governo federal, a tomar uma decisão mais firme em defesa da ZFM. Se preciso, até mesmo de confronto ao presidente. O governador evita isso.
Evitar o desgaste da relação com Bolsonaro deve ter sido o motivo para Wilson não participar da reunião desta segunda. Se fosse ao encontro, o governador iria sentar na mesma mesa do senador Omar Aziz (PSD) e do deputado federal Marcelo Ramos (PSD), dois opositores declarados da gestão do presidente da República.
Desde que assumiu a prefeitura, David também tem cultivado uma relação harmoniosa com Bolsonaro. Nessa crise do decreto do IPI, o prefeito tem calibrado o discurso para não criticar diretamente o presidente.