Da Redação |
Fazendo a defesa de Jair Bolsonaro (PL) e do ministro Paulo Guedes (Economia), o pré-candidato ao Senado pelo Amazonas, Coronel Menezes, gravou um vídeo afirmando que a Zona Franca de Manaus (ZFM) tem que encontrar uma forma de sobreviver sem a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
“O Amazonas precisa desenvolver suas potencialidades. Vamos ficar aguardando por mais 50 anos de braços cruzados? A nossa riqueza está no interior, que precisa fazer parte da solução econômica tão quanto Manaus. O Amazonas é muito rico para ficar dependendo de três letras, o IPI”, diz Menezes em vídeo divulgado neste domingo (27).
Autointitulado porta-voz de Bolsonaro no Amazonas, Menezes estava sem se manifestar sobre o assunto desde sexta-feira (25). O silêncio já era alvo de memes nas redes sociais.
Na sexta-feira (25), o governo federal publicou decreto que reduz as alíquotas do IPI em até 25%. Para empresários e políticos locais, a medida decreta o fim de muitos negócios na ZFM.
A intenção do governo federal é aliviar a carga tributária na produção de automóveis, eletrodomésticos da chamada linha branca – como refrigeradores, freezers, máquinas de lavar roupa e secadoras – e outros produtos industrializados.
O problema é que a redução do imposto também abrange os produtos produzidos na ZFM. Dessa forma, o modelo econômico do Amazonas perde a principal vantagem competitiva que atrai negócios para o Estado, que é justamente a isenção de IPI.
No vídeo, Menezes diz que o decreto do IPI não significa o fim da ZFM. Mas não diz por que pensa assim. O pré-candidato classifica de oportunista quem afirma que o modelo vai acabar.
O amigo de Bolsonaro diz que o modelo econômico do Amazonas não se desenvolve mais por ter virado instrumento de chantagem da classe política local para interesses eleitorais.
Segundo Menezes, Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, não têm culpa se ações que visam o crescimento do Brasil colocam a ZFM em dificuldade.
“O presidente Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes não podem pagar a conta pela falta de comprometimento dos nossos governantes pretéritos em criar outros vetores de desenvolvimento econômico. O Brasil precisa crescer”, disse Menezes, que foi superintendente da ZFM no primeiro ano de mandato de Bolsonaro.
Menezes é pré-candidato ao Senado nas eleições deste ano. Ele usa como principal capital político para se apresentar ao eleitorado a amizade que tem com Bolsonaro.
Assista abaixo a íntegra do vídeo:
Dano e histeria
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), declarou no sábado (26) que a decisão do governo federal de reduzir em até 25% a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para todo o país é danosa para a ZFM, “mas não é motivo para histeria”.
A fala de Wilson demonstra uma preocupação política. Aliado de Bolsonaro, o governador tomou uma bolada nas costas. E agora é cobrado, principalmente por lideranças políticas locais, que não são simpáticas ao governo federal, a tomar uma decisão mais firme em defesa da ZFM. Se preciso, até mesmo de confronto ao presidente. O governador evita isso.
“Não é motivo para histeria. Essa é uma questão que está acima de qualquer situação política. E o que a gente tem que buscar enquanto autoridade, representante do povo, enquanto gestor, na condição de chefe do Executivo, é o diálogo, é o entendimento para que a gente possa encontrar um meio termo”, disse Wilson.
Apesar de manifestar confiança no diálogo com Bolsonaro, Wilson informou que, em paralelo, a procuradoria do Estado estuda argumentos jurídicos para questionar a decisão do governo federal no Supremo Tribunal Federal (STF).
Wilson disse que já deu autorização para a procuradoria buscar a via judicial.
“Já autorizei minha procuradoria geral para que mova uma ação no Supremo Tribunal Federal para que esse modelo possa ser protegido. Todos sabemos que esse é o modelo mais exitoso da Amazônia de desenvolvimento econômico, social e ambiental”, afirmou Wilson.