MANAUS – A Igreja Católica decidiu suspender todas as celebrações presenciais em Manaus por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). As missas devem ser transmitidas pelas redes sociais, rádios e outras mídias.
A evangélica Assembleia de Deus no Amazonas (Ieadam), a maior do segmento no Estado, segundo o governador Wilson Lima, também resolveu suspender as atividades.
A Arquidiocese de Manaus da Igreja Católica já havia recomendado no início do mês algumas medidas preventivas, como não beijar as mãos no momento em que os fiés pedissem a bênção.
A suspensão das atividades públicas, no entanto, acontece na mesma medida que são tomadas ações mais duras de prevenção em outros âmbitos da sociedade por orientação das autoridades de saúde pública.
Em carta às pastorais, enviada nesta quinta-feira (19), o arcebispo metropolitano de Manaus, dom Leonardo Ulrich Steiner, orientou a suspensão por 30 dias de reuniões, encontros de formação, atividades pastorais que reúnam pessoas nas dependências das comunidades e centros de pastoral.
A suspensão afetará, inclusive, as tradicionais celebrações da Semana Santa. “Bem sabemos o quanto custará ao nosso povo não celebrar esta memória solene reunidos nas procissões dos ramos, na celebração da ceia, na via-sacra da paixão, na vigília da ressurreição e no domingo pascal, o que não será possível nas igrejas e capelas”, escreve o arcebispo, ao destacar a importância da medida.
O líder religioso recomenda que as secretarias das paróquias e das áreas missionárias permanecerão abertas para o atendimento, especialmente para informações por telefone.
“Nesse tempo, exercitaremos ainda mais a misericórdia para com nossos irmãos e irmãs que necessitarão da nossa caridade e solidariedade”, sugere.
“Não teria sentido todo este nosso esforço de cuidarmos uns dos outros, respeitando as orientações sanitárias, sacrificando nossos encontros comunitários de fé, se não tomarmos as mesmas atitudes de cuidado em relação a qualquer outra possibilidade de aglomeração de pessoas. O cuidado que escolas, igrejas, repartições públicas estão tomando deve ser observado também por todos os outros segmentos sociais”, observa dom Leonardo.
“Os momentos de sofrimento e privação são ocasião de aproximação de Deus, aprofundando as razões de nossa fé”, escreve o arcebispo.
O líder católico afirma que as medidas “cessarão em tempo oportuno, quando celebraremos a vitória da vida, o triunfo da saúde”.
Ieadam
Em “live” nas redes sociais para apresentar o programa “Aula em Casa”, nesta sexta-feira (20), o governador Wilson Lima disse que recebeu pela manhã uma ligação do presidente da Ieadam, pastor Jonatas Câmara, que o informou que a igreja decidiu suspender as atividades, atendendo ao decreto em que o governo faz a recomendação de que se evitem aglomerações de pessoas.
Segundo Wilson, Câmara disse que caso sejam realizadas reuniões elas respeitarão o limite de pessoas e de afastamento entre elas.
Antes disso, porém, a igreja havia decidido não fechar as portas 100%.
Na quarta-feira (18), pastores da Ieadam foram orientados a como lidar com o avanço do novo coronavírus. A reunião aconteceu no auditório Canaã, em Manaus. A Ieadam decidiu não fechar as portas das igrejas. Os templos ficarão abertos, segundo o vice-presidente da igreja, pastor Moisés Melo, para prestar apoio emocional às pessoas neste momento.
Conforme o religioso, a principal recomendação repassada aos pastores no encontro foi o cuidado para evitar a aglomeração de pessoas.
O pastor disse ao ESTADO POLÍTICO na quinta-feira (19) que os cultos, que costumam ser lotados, devem ter no máximo 20 pessoas. Os idosos, que estão no grupo de risco, serão orientados a não irem.
“Numa congregação que tenha uma média de 200 pessoas, estamos recomendando para que os cultos sejam fracionados. Que aconteçam no máximo de uma a duas vezes na semana, não mais do que isso. Quem vai numa reunião não vai na outra, assim não lota”, exemplificou.
“É possível que depois nem isso mais aconteça. Nossa resposta vai ser proporcional às autoridades de saúde. Se tivermos que ser mais rigorosos, seremos. Se o prefeito e o governo proibir 100%”, disse.
“Vai ser proporcional. Por enquanto ainda não proibiram shoppings, ônibus coletivo. Se isso vier a acontecer, respeitaremos as recomendações”, acrescentou.
Moisés Melo disse que a Ieadam reconhece que trata-se de um problema global. “Grandes nações estão hoje em uma situação crítica, séria e a melhor forma do Brasil enfrentar isso é se protegendo, prevenindo”.
“Em Manaus, no Amazonas, nas nossas igrejas, a orientação é que haja a menor circulação possível de pessoas, não mais que 20 por cultos. O melhor lugar nesse momento é a casa, ficar em casa. Nossos cultos costumam ser lotados, graças a Deus, mas nesse momento vamos pedir para que os irmãos não venham massivamente”, assegurou.
“Estamos orientando também quanto aos cuidados com a higiene. Estamos falando dos cuidados com álcool em gel. Todas as igrejas deverão ter. Falaremos para os irmãos em casa também usarem, assim como lavar as mãos com frequência. Falaremos para os nossos irmãos terem cuidados em suas famílias, principalmente com os idosos, que são as pessoas mais vulneráveis”, disse o pastor.
Foto: Alexandre Fonseca / Seminf