MANAUS – Trabalhadores da construção civil foram à ALE-AM nesta terça-feira (11) reclamar da falta de mão de obra local nas atividades da empresa Eneva, que vai explorar gás natural em Silves.
“A empresa não está cumprindo o acordo com o governo, e não está dando valor à mão-de-obra local”, reclamou o vereador Sassá (PT), que preside o Sindicato da Construção Civil no Amazonas. O Governo do Amazonas isentou a empresa de tributos (ICMS) como forma de incentivar sua atividade.
Em resposta aos trabalhadores, o presidente da ALE-AM, Josué Neto (sem partido), disse que vai propor um diálogo com a Eneva, mas ressaltou que se trata de um negócio privado, e que não tem a obrigação de empregar mão de obra local. “Me comprometo em abrir um diálogo com a empresa”, disse o parlamentar.
O deputado de oposição Wilker Barreto (Podemos) aproveitou o gancho para criticar o governo. Sustentou ser um absurdo o governo abrir mão de tributos para uma empresa que não gera emprego local. “Esta Casa precisa assumir a mediação desse assunto junto à empresa”, disse o deputado.
Josué respondeu que as atividades da empresa estão apenas no início, e que o impacto positivo das atividades da Eneva no Amazonas resultará, no futuro, em grande desenvolvimento ao Estado, com geração de emprego e renda.
Outros deputados da base, como o vice-líder do governo Saullo Vianna (Cidadania), também prometerem procurar a empresa para defender a absorção dos trabalhadores locais no negócio.
A líder do governo, Joana Darc (PL), também prometeu apoio à causa dos trabalhadores. Ela propôs convidar a empresa para um debate sobre o assunto na ALE-AM.
“Muito embora seja empresa privada, a gente sabe que os incentivos governamentais foram dados para que a gente pudesse ter a contratação de mão-de-obra local. Estaremos fiscalizando essa situação de perto”, prometeu Joana.
De acordo com o governo, com o início das obras do Campo de Azulão, o Amazonas dará um passo importante para interiorizar o desenvolvimento e diversificar a matriz econômica do Estado, que receberá investimento em torno de 1 R$ bilhão e terá cerca de mil empregos gerados nos dois anos previstos para a execução das obras em Silves e Itapiranga.
Segundo o governo, estes não são os únicos benefícios da construção do campo de extração de gás natural. Além dos royalties para os dois municípios, a operação também deve render uma arrecadação tributária de ICMS de cerca de R$ 2 milhões/mês para os cofres públicos do tesouro estadual, ou cerca de R$ 24 milhões por ano.
Outro lado
Em nota enviada ao ESTADO POLÍTCO, nesta quarta-feira (12), a Eneva, empresa que vai explorar gás natural no município de Silves, no Amazonas, afirma que as empresas contratadas por ela para as obras do projeto “Campos do Azulão” estão comprometidas com a contratação de mão de obra local.
Na terça-feira (11), representantes de movimentos sindicais ligados à construção foram à ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) reclamar da falta de emprego de mão de obra local nos postos de trabalho gerados pelo projeto.
Na nota, a Eneva afirma que há empresa contratada por ela que chega a ter até 79% dos seus trabalhadores residentes no Amazonas.
A Eneva sustenta ainda que no pico das obras poderão ser gerados até 800 postos de trabalho no projeto.
Abaixo, a nota da Eneva:
Em relação à matéria que trata da falta de mão-de-obra local nas obras da Eneva no município de Silves, a empresa esclarece os pontos a seguir:
- O projeto Campo de Azulão, localizado em Silves, que consiste na exploração e produção de gás natural na bacia do Amazonas, teve as obras iniciadas em outubro de 2019. Desde então, as empresas contratadas pela Eneva para executar as obras estão comprometidas com a contratação de mão-de-obra local, priorizando os municípios onde o empreendimento está instalado e considerando também o Estado do Amazonas como um todo.
- No momento, duas empresas contratadas pela Eneva executam as obras de implantação do Campo de Azulão. Uma delas, empreiteira amazonense com sede em Manaus, conta com 153 trabalhadores, todos moradores do Estado; e a outra, que mantém uma filial na capital, atua com 98 funcionários, sendo 79% residentes locais.
- Durante o pico das obras, entre maio e junho deste ano, a estimativa é de que 800 postos de trabalho sejam gerados pelas empresas contratadas, abrindo novas oportunidades para os moradores da região.
- Está prevista ainda a geração de cerca de 170 postos de trabalho por uma empresa de logística de Manaus, contratada pela Eneva para transportar o gás natural que será produzido no Campo de Azulão. As vagas são destinadas aos moradores do Estado.
- Vale ressaltar que as obras do projeto Campo de Azulão também estão movimentando segmentos da economia da região, com a contratação de serviços regulamentados que geram postos de trabalho e o recolhimento de impostos. Entre os serviços utilizados pela Eneva estão o fornecimento de alimentação para os trabalhadores, transportes para deslocamentos, rede hoteleira, alugueis de equipamentos de empresas locais e serviço de segurança patrimonial.
- O Campo de Azulão será o primeiro a produzir gás natural na Bacia do Amazonas a partir de 2021. A Eneva acredita que o empreendimento, que tem investimentos da ordem de R$ 1 bilhão, inicia um novo ciclo de desenvolvimento para a região e vai garantir a produção de energia que será consumida no país.
- A Eneva é uma empresa integrada, que une a atividade de produção de gás natural em terra à geração de energia. As operações da empresa estão concentradas no Norte e Nordeste do país e contribuem para o aumento da segurança energética das regiões e para a modicidade tarifária. A companhia é responsável por 46% da capacidade instalada de geração térmica do subsistema Norte e 11% da capacidade instalada de geração a gás do país.