MANAUS – O inquérito da Polícia Civil do Amazonas que investiga a morte de 17 supostos traficantes no bairro Crespo, na zona Centro-Sul de Manaus, concluiu que não há indícios de dolo homicida dos policiais militares envolvidos na ação e que estes agiram no “estrito cumprimento do dever legal”.
A informação foi divulgada por reportagem da Folha de são Paulo, na manhã deste sábado, 4.
No dia 29 de outubro de 2019, integrantes da facção Família do Norte (FDN) chegaram armados tomar um ponto de venda de drogas do Comando Vermelho (CV). A PM foi acionada, no confronto nenhum policial saiu ferido e 17 supostos traficantes foram mortos, incluindo três adolescentes (14, 16 e 17).
De acordo com a reportagem da Folha de São Paulo, todos os corpos foram retirados antes da chegada da perícia e levados a hospitais. Segundo a reportagem, no inquérito foram incluídos antecedentes criminais de 16 dos homens mortos e 6 PMs. Em 14 policiais, de acordo com a Folha, não havia fragmentos de chumbo.
Conforme o inquérito que a Folha teve acesso, os 17 mortos pertenciam à FDN e participaram da ação fortemente armados contra o Comando Vermelho.
O inquérito foi conduzido pela Unidade de Apuração de Atos Infracionais da Polícia Civil do Amazonas (Uaip) e pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO).
Em trecho do inquérito, a Uaip e o DRCO afirmam que os supostos traficantes foram surpreendidos pela ação dos policiais e que efetuaram disparos de arma de fogo. “(…) esses revidaram a injusta agressão e atingiram as vítimas. E esses, apesar de serem socorridos e levados para as unidades hospitalares próximas, não resistiram ao trauma ocasionado pelos disparos e vieram a óbito”.
Conforme a reportagem, no inquérito, enviado à Justiça do dia 3 de dezembro, nenhum policial militar foi indiciado.
À Folha, testemunha diz ter presenciado execução
Sem se identificar, uma testemunha ouvida pela Folha, afirma que presenciou a execução de um integrante da FDN. O adolescente, segundo ela, estava algemado e ainda vivo.
De acordo com a testemunha, os PMs repetiam a todo instante que “a ordem é pra matar”. “Então fizeram. Mataram. Ali aconteceu um massacre naquela noite, massacre”, afirma a testemunha em trecho da entrevista.