MANAUS – Em uma publicação nas redes sociais, a primeira-dama de Manaus, Elisabeth Valeiko, pediu desculpas ao marido e prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB).
O pedido de desculpas ocorre em meio a mais um capítulo do caso sobre o assassinato do engenheiro Flávio Rodrigues. Dessa vez, Elisabeth Valeiko foi acusada pela Seap de tentar “burlar as regras de segurança” do Centro de Detenção Provisória Masculino 1 (CDPM 1), e por isso foi impedida de visitar o filho Alejandro Valeiko, no domingo (8).
“Te peço desculpas Arthur. Não queria que minha dor fosse usada para lhe atacar. Você é um homem bom, com bons ideais”, diz Elisabeth em trecho da publicação.
Na postagem, a primeira-dama nega que tenha burlado as regras do sistema prisional do Amazonas.
“Ontem (domingo) fui ao presídio sem avisar. Queria poder me sentir, pelo menos, um pouco próxima do meu filho. As informações são desencontradas, cheias de burocracias. Mas aos poucos vou entender melhor tudo isso. Minha desinformação sobre o assunto, criou uma narrativa totalmente equivocada”, disse Valeiko.
Alejandro é um dos indiciados pelo homicídio do engenheiro Flávio Rodrigues. A Justiça decretou a prisão preventiva dele e de mais dois indiciados, enquanto o Ministério Público Estadual (MP-AM) decide se os denuncia ou não pelo crime. No sábado, 7, o filho de Elisabeth foi transferido para o CDPM 1.
Na tarde de domingo, um vídeo feito por familiares de outros custodiados, que mostra a chegada da primeira-dama ao CDPM 1, começou a circular na Internet.
Nas imagens, Elisabeth ingressa o pátio do presídio, em um veículo preto, acompanhada por homens que aparentam fazer sua segurança. Do lado de fora, mulheres começam reclamar da presença da mãe de Alejandro, dizendo que ela estaria desrespeitando as regras impostas aos demais visitantes.
“Disseram de tudo, que furei fila, que estava mimando meu filho… De forma alguma vou buscar um tratamento diferenciado das outras mães. Vi um vídeo de alguém comentando que eu não era melhor que ninguém. E isso é verdade. A mais pura verdade. Se esse é o procedimento, estarei lá, na fila, no sol ou na chuva, para poder vê-lo. Sou apenas mais uma mãe que tenta lutar pelo bem de seu filho”, sustenta Valeiko em outro trecho da publicação.
Em nota, a Seap confirmou que o ingresso da primeira-dama ao local não estava autorizado. E que não privilegia visitantes.
Vício
Na publicação, Elisabeth Valeiko fala do vício do filho, Alejandro, em drogas, e que isso, segundo ela, tem sido utilizado de maneira forçosa para atingir ela e Arthur.
“Há anos tenho enfrentado uma luta cruel e desigual contra o vício de meu filho em drogas. De início, a gente quer acreditar que é apenas uma fase e que tudo vai passar. Mas já se foram mais de sete anos, entre internações e lágrimas. Agora, tudo isso é usado de forma forçosa, buscando minha humilhação e de meu esposo, que não tem parado de trabalhar para honrar a confiança que o povo de Manaus nele depositou”, disse.
Abaixo, confira a íntegra da publicação de Elisabeth Valeiko no Facebook:
Não tem sido fácil, como mãe, enfrentar tudo o que vem acontecendo nos últimos dias. E as falsas notícias diárias tornam a dor ainda mais difícil. Afirmam coisas que não fiz. Sou julgada pelo que não sou. E o pior: sem qualquer chance de defesa, tudo para se fazer politicagem.
Ontem fui ao presídio sem avisar. Queria poder me sentir, pelo menos, um pouco próxima do meu filho. Queria me cadastrar para vê-lo. E aqui começo a viver o drama de muitas outras mães que acabaram vendo seus filhos, de alguma forma, dependentes do sistema prisional.
As informações são desencontradas, cheias de burocracias. Mas aos poucos vou entender melhor tudo isso. Minha desinformação sobre o assunto, criou uma narrativa totalmente equivocada. Disseram de tudo, que furei fila, que estava mimando meu filho… De forma alguma vou buscar um tratamento diferenciado das outras mães. Vi um vídeo de alguém comentando que eu não era melhor que ninguém. E isso é verdade. A mais pura verdade. Se esse é o procedimento, estarei lá, na fila, no sol ou na chuva, para poder vê-lo. Sou apenas mais uma mãe que tenta lutar pelo bem de seu filho. Uma batalha que não começou agora.
Há anos tenho enfrentado uma luta cruel e desigual contra o vício de meu filho em drogas. De início, a gente quer acreditar que é apenas uma fase e que tudo vai passar. Mas já se foram mais de sete anos, entre internações e lágrimas. Agora, tudo isso é usado de forma forçosa, buscando minha humilhação e de meu esposo, que não tem parado de trabalhar para honrar a confiança que o povo de Manaus nele depositou. Te peço desculpas Arthur. Não queria que minha dor fosse usada para lhe atacar. Você é um homem bom, com bons ideais.
Sobre meu silêncio até aqui é em obediência às orientações da defesa. E como isso tem sido difícil pra mim. Quero muito que todas as pessoas tenham acesso ao conteúdo das conclusões da polícia, pois ficará claro o uso disso para promover escárnio. Mas acredito muito nos propósitos de Deus. Essa experiência dolorosa certamente será um instrumento dEle para me ajudar a ver, ainda mais de perto, a situação de outras famílias que vivenciam o que eu estou passando. De servir como uma maneira de dar visibilidade ao sofrimento que todas elas passam há anos.
Agradeço a todos que permanecem em oração para que esse caso seja tratado de forma honesta. Não é fácil ser mãe. Não é fácil ser mulher. E neste caso todas as mães estão sofrendo. Definitivamente não foram esses os planos que fizemos quando os embalamos pequenos em nossos braços.