MANAUS – Em depoimento à Justiça Federal, o ex-secretário parlamentar do deputado federal Silas Câmara (Republicanos), Raimundo da Silva Gomes, contou que assessores nomeados pelo gabinete de Silas também tinham cargos na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas). Nesses casos, os assessores devolviam ao deputado o salário integral recebido pela Câmara.
Abaixo, trecho do depoimento transcrito na decisão do juiz federal substituto da 15ª Vara da Justiça Federal em Brasília, Rodrigo Parente Paiva Bentemuller:
“(…) QUE durante o período em que exerceu a função de secretário parlamentar do Deputado SILAS CÂMARA foi constante a exigência de que os demais secretários parlamentares entregassem parte, ou até mesmo a totalidade de sua remuneração, ao citado parlamentar; QUE não se recorda os valores exatos, devido ter passado muito tempo, que eram recebidos dos demais secretários parlamentares e entregues ao Deputado, sendo que pode citar que recolheu o dinheiro de Marcelo Amorim, José Francisco, Vladimir, Sérgio Câmara e Maria Goreth, sempre por ordem do Deputado SILAS CÂMARA, a fim de pagar a contas pessoais do Gabinete e do próprio Deputado, tais como cartões de crédito, sendo que eventuais saldos eram depositados na conta correte do Parlamentar; QUE era o próprio declarante quem efetuava o recolhimento dos valores junto aos demais secretários, sendo que os valores eram sacados pelos secretários parlamentares imediatamente após ao depósito feito pela Câmara Federal; QUE em outros casos ocorria a transferência de valores, na forma eletrônica, das contas dos secretários para a conta de SILAS CÂMARA; QUE alguns secretários também ocupavam cargos junto a Assembleia Legislativa do Amazonas, sendo que nestes casos, os secretários repassavam ao Deputado a totalidade da remuneração que recebiam da Câmara Federal. (…)”
O caso
A Justiça Federal do Distrito Federal condenou o ex-secretário parlamentar do deputado federal Silas Câmara (Republicanos), Raimundo da Silva Gomes, pela prática conhecida como “rachadinha”.
O crime consiste em peculato e é fundamentado na devolução de parte dos salários dos funcionários do gabinete ao parlamentar.
Presidente da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara dos Deputados, Silas Câmara responde ao processo no Supremo Tribunal Federal por possuir foro privilegiado.
A decisão é do dia 15 de outubro. Leia a íntegra aqui.
Outro lado
Ao ESTADO POLÍTICO, Silas Câmara nega as acusações contra ele no processo.
O político afirma que foi inocentado em processo sobre o mesmo assunto na esfera civil.
“Jamais isso aconteceu, tanto que fui absolvido em segunda e terceira instâncias no mesmo processo em área civil, no mesmo processo”, disse Silas Câmara.