MANAUS – “Não precisa ser Sherlock Holmes para saber quem vazou [o depoimento do empresário Francisco Dantas]. Se o CD foi gravado no TCE-AM [Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, só o TCE gravou, quem vazou?”. Frase do deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), nesta terça-feira, 24, na Assembleia Legislativa (ALE-AM), ao anunciar que apresentará um requerimento para que o TCE-AM disponibilize na Internet a íntegra do depoimento de Dantas.
Em depoimento ao Procurador de Contas do Ministério Público de Contas (MPC) junto ao TCE-AM, Carlos Alberto Almeida, Dantas reclamou da dificuldade em trabalhar junto à Secretaria de Educação (Seduc), onde a empresa dele tem um contrato para transporte escolar. A dificuldade estaria, segundo ele, relacionada a pedidos indevidos de “mensalinho” por parte de “agentes políticos”.
Apesar de Dantas não citar o nome do então secretário de Educação Luiz Castro, o depoimento, após ser divulgado pela imprensa, foi usado pela oposição como munição para minar o titular da Seduc. E Carlos Alberto Almeida apresentou uma representação contra Luiz. Dias depois, o então secretário entregou o cargo.
Para Serafim, a interpretação que o ocorrido provoca é a de que o vídeo foi usado para derrubar Luiz do cargo. Feito isso, o assunto sumiu da mídia.
“Não é justo enxovalhar a honra do Luiz Castro e depois está tudo resolvido. Existem dúvidas se o objetivo não era apenas derrubar o Luiz Castro. Derrubado o Luiz Castro, todos os problemas da educação estão resolvidos”, declarou Serafim.
No requerimento, Serafim pede que a ALE-AM também divulgue o vídeo do depoimento que colheu de Dantas. No Legislativo, o empresário negou tudo que declarou ao procurador. Inclusive que pagava mensalinho a deputados, como ele fala no vídeo do MPC.
“É normal”
Na segunda-feira (23), em entrevista à rádio Band News Difusora, o vice-governador Carlos Almeida Filho foi questionado se lhe causava algum constrangimento o fato de ser o pai dele (Carlos Almeida) o responsável pela investigação contra um secretário do governo. Ele disse que não.
“Sou defensor [público] há 14 anos e o meu pai é procurador de Contas há 13. Então é muito comum que a minha atuação, que é pública, quanto a dele, volta e meia acabem se chocando. Não foi a primeira vez e não será a última. É algo perfeitamente normal”, afirmou o vice-governador.
Indagado a comentar a suspeita de Serafim de que Luiz foi alvo de uma ação para derrubá-lo do cargo, o vice-governador afirmou que a teoria não procede.
“Acredito que em uma democracia as pessoas têm o direito de falar o que bem entender, mas o fato é que é inverídica a afirmação”, disse o vice-governador.
A reportagem não conseguiu contato com o procurador de contas. O departamento de Comunicação do TCE-AM informou que o órgão aguardará o requerimento do deputado.
“Em resposta ao e-mail encaminhado a este setor de Comunicação, informo que o Tribunal não tem interesse em comentar declarações, e vai aguardar a chegada do requerimento do deputado para responder”, informou o departamento de Comunicação do TCE-AM.