MANAUS – O vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho (PRTB), comparou o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), a “um cachorro que fica latindo para a roda do carro”. A declaração foi uma reação aos ataques do tucano contra o vice e o governador Wilson Lima (PSC), na quinta-feira (15).
“Quero deixar muito claro, quando a gente vai trabalhar todo dia para poder enfrentar os problemas que nós temos de frente, a gente não fica prestando atenção em um cachorro que fica latindo para a roda do carro”, disparou o vice-governador, em entrevista nesta sexta-feira (16).
Na quinta, Arthur convocou entrevista coletiva, na orla da Ponta Negra, para apresentar explicações sobre o valor de uma parada de ônibus construída no local. A obra vai custar R$ 207 mil. Durante a fala, o prefeito iniciou uma série de críticas ao governo. Em uma delas, o tucano disse que Carlos ajudou na instalação de uma invasão na cidade, que hoje é comandada por traficantes.
Carlos diz que a atitude do prefeito denota desespero, buscando fugir de discutir problemas crônicos de sua gestão por meio de factoides. “O município tem problemas severos, e problemas que vêm acompanhando toda a gestão do prefeito. É meio incoerente fazer a defesa de uma parada que custa R$ 207 mil, enquanto os passageiros têm que entrar em cacarecos”, disse o vice-governador.
Segundo Carlos, entre os problemas que o prefeito poderia enfrentar, está a insuficiente cobertura da saúde na atenção básica, que segundo ele, a Prefeitura de Manaus não executa, sobrecarregando o Estado.
“O município de Manaus só atende 45% da sua obrigação de atendimento da saúde básica. Quando o município não atende a integralidade da saúde, isso sobrecarrega as contas estaduais. O Estado do Amazonas é o que mais gasta com saúde. Enquanto o mínimo constitucional é de 12%, o Amazonas gasta 23%. E a grande responsabilidade disso é justamente porque o município não faz o seu trabalho”, disse Carlos.
Sobre a acusação de ter incentivado a invasão de terras no bairro Tarumã, na ocupação conhecida como Cidade das Luzes, o vice-governador disse que todo o trabalho dele no episódio foi público. Carlos era defensor público à época. Ele classificou a afirmação do prefeito de “uma brincadeira”.
“Sempre trabalhei defendendo política pública de moradia, entre outras. À propósito, tão logo chegamos ao palácio, a nossa obrigação foi de buscar soluções para problemas crônicos de Manaus. Existem em Manaus diversas ocupações irregulares, e nós buscamos já desde o início do nosso mandato cooperar com o município de Manaus para que possamos debelar esse problema que é histórico. E é um problema de responsabilidade do município”, declarou o vice-governador.
A respeito desse tema de moradia em Manaus, Carlos afirmou que o auxílio do poder público às famílias do incêndio do bairro Educandos, na zona Centro-Sul de Manaus, ainda não saiu porque, há quatro meses, o governo espera uma resposta da prefeitura.
“Elas [famílias] estão até hoje aguardando uma solução que depende de uma parceria com o município. Estamos com um termo de cooperação, já faz quatro meses, que depende de uma resposta que o município não dá”, declarou.
“Então, em vez de ficar criando factoide, querendo buscar atenção, que é o que está evidente nessa atitude dele, que parece desesperada, deveria estar buscando solução que o Estado está apresentando há bastante tempo”, completou Carlos.