MANAUS – O ex-secretário de Saúde do Estado do Amazonas, Wilson Alecrim, negou nesta quarta-feira (7), em depoimento na Justiça Federal, no processo da Maus Caminhos, que tenha integrado ou se beneficiado do esquema criminoso que, segundo o MPF, desviou milhões da saúde entre 2014 e 2016. Segundo Alecrim, seu nome foi usado como “escora”.
“Uma das maiores mentiras que poderiam ter sido ditas contra uma pessoa. Usaram meu nome para servir de escora. Ao longo da minha vida ocupei 12 cargos de gestor e nunca usei essa prática de receber vantagens. Sempre vivi da minha vida modesta. Eu até vi em uma das denúncias que eu estava numa pior e precisava ser ajudado, mas nunca recebi nenhuma vantagem”, disse Alecrim.
De acordo com o MPF, o ex-secretário de Saúde (Susam), Wilson Alecrim, recebeu R$ 3,6 milhões de vantagens indevidas, sendo R$ 2,5 milhões em propina, de acordo com a investigação. Por 19 meses, o ex-secretário teria recebido uma mesada de R$ 133,5 mil.
No depoimento, o ex-secretário declarou que sempre levou uma vida modesta e dedicada ao trabalho.
“A Polícia Federal foi na minha casa e viu como vivo. Nós não vivemos em grandes movimentações sociais, pois o meu tempo sempre foi dedicado ao trabalho. Então isso é uma grande mentira. Não tem nada que possa subsistir essas mentiras. Usaram meu nome para escamotear”, declarou o ex-secretário.
Alecrim foi questionado sobre encontros fora da Secretaria com Mouhamad, mas afirmou que nunca ocorreram.
“Posso lhe assegurar que nunca encontrei com esse senhor fora da secretaria. Depois que saí (da Susam) ele me procurou algumas vezes, principalmente em relação a um processo no TCE que questionava a legalidade do contrato. E como fui demandado enquanto ex-secretário, tive que responder ao Tribunal, mas nunca respondi a ele. Ele me procurou algumas vezes e o recebi, salvo engano, no shopping Millenium ou no escritório de advogado, mas nunca na minha casa e nunca na casa de nenhum empresário”, afirmou Alecrim.
“A relação que tinha com o esse senhor era tipicamente republicana. Ele não entendia meu modo de atuar. Com a senhora Jeniffer lidei poucas vezes, vi ela na inauguração da UPA e na unidade de Tabatinga. Essa outra senhora, Priscila, com menos frequência, quase nenhuma”, disse Alecrim durante o depoimento.
Questionado sobre viagem que teria feito com Jeniffer ao retornar do município de Tabatinga, afirmou que a funcionária de Mouhamad apenas pegou uma “carona” no avião do governo. Segundo ele, era comum que aviões do governo dessem caronas para passageiros fora da lista de passageiros.
Alecrim afirmou que nunca deu tratamento diferenciado dentro da Susam a Mouhamad.
“Nunca adotei esse procedimento, se alguém deu essa informação está mentindo”, declarou o ex-titular da Susam.
Interrogatórios
A Justiça Federal iniciou na terça-feira (6) uma série de audiências dos réus no processo da Maus Caminhos, alvos das fases denominadas Custo Político e Estado de Emergência.
Nesta quarta, além de Wilson Alecrim, estão sendo ouvidos os ex-secretários Pedro Elias (Saúde), Wilson Alecrim (Saúde), Afonso Lobo (Fazenda), Raul Zaidan (Casa Civil) e o ex-governador José Melo.
A Maus Caminhos apura um esquema de corrupção que desviou pelo menos R$ 104 milhões do setor da saúde no Amazonas, entre 2014 e 2016.
Mouhamad é apontado como principal operador dos crimes, segundo a denúncia do MPF.