MANAUS – A Justiça Federal inicia nesta terça-feira (6) uma série de depoimentos dos réus do processo oriundo da operação Maus Caminhos.
A audiência iniciará às 9h, conforme decisão da juíza federal Ana Paula Serizawa, da 4ª Vara da Justiça Federal, responsável pelo processo.
Nesta terça serão realizados os interrogatórios da ex-primeira-dama Edilene Gomes, do ex-secretário de administração e irmão do ex-governador José Melo, Evandro Melo, e de Ana Claudia da Silveira Gomes e Keytiane Evangelista.
Na quarta-feira, no mesmo horário, ocorrerá o interrogatórios de José Melo e dos ex-secretários Pedro Elias (ex-Susam), Raul Zaidan (ex-Casa Civil), Wilson Alecrim (ex-Susam) e Afonso Lobo (ex-Sefaz).
“A audiência terá continuação nos dias subsequentes caso não se completem todos os interrogatórios nas datas ora fixadas”, diz a magistrada em trecho da decisão.
Operação Maus Caminhos
Em 2016, a Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que desviava recursos públicos por meio de contratos firmados com o governo do estado para a gestão de três unidades de saúde em Manaus, Rio Preto da Eva e Tabatinga, feita pelo INC, instituição qualificada como organização social.
As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC. A apuração indicou o desvio de pelo menos R$ 50 milhões em recursos públicos, além de pagamentos a fornecedores sem contraprestação ou por serviços e produtos superfaturados, movimentação de grande volume de recursos via saques em espécie e lavagem de dinheiro pelos líderes da organização criminosa.
As operações Custo Político, Estado de Emergência e Cashback, desdobramentos da Operação Maus Caminhos, mostraram, ainda, o envolvimento de agentes públicos, políticos da alta cúpula do Executivo estadual, entre eles o ex-governador José Melo, e pessoas ligadas a agentes públicos em um esquema de propina criado para acobertar e colaborar com os desvios feitos pelo grupo que geria as unidades de saúde, liderado pelo médico Mouhamad Moustafa.