Por Agência Brasil|
A Polícia Civil do Pará diz que já tem indícios que apontam para a participação de 22 presos na morte de quatro detentos no interior de um caminhão-cela durante a transferência do Centro de Recuperação Regional de Altamira para uma unidade prisional de Belém.
Segundo a assessoria da corporação, os 26 homens que se encontravam no interior do veículo quando os quatro detentos foram estrangulados já prestaram depoimento. Para o delegado responsável pelo caso, não há elementos que comprovem a participação de quatro dos 26 depoentes nos crimes.
Os 22 detentos aos quais a Polícia Civil atribui a autoria da morte de Dhenison de Souza Ferreira; José Italo Meireles de Oliveira, Vandenildo Moreira Mendes e Werik de Sousa Lima são citados na peça do inquérito a que a Agência Brasil teve acesso. São eles: Antônio Carlos de Souza; Bruno Tulio Mendes David; Bueno Victor da Silva Gomes; Elimar Salustiano de Sousa e Higo Blando Veiga Vieira.
Também foram autuados em flagrante Jakson Silva Lemos; Jefferson dos Santos Costa; Joeferson Alves de Souza; Joerbert dos Santos Guimarães; Keven Loureiro Monteiro; Lucas Oliveira de Almeida; Marcelo Teixeira Pereira e Marcos dos Santos da Silva, além de Marlisson Duarte de Brito; Marlon Ribeiro Gomes; Ozéias Oliveira Souza; Reiris Silva de Souza; Romary dos Santos; Sidicley Queiroz da Silva; Sued Farias Guimarães Júnior; William Pereira da Silva e Willkiner Thiago Alves Dias.
Os 22 presos foram autuados em flagrante por associação criminosa e homicídio. Nenhum deles assumiu a autoria dos crimes, mas a Polícia Civil diz que existem elementos indicando que todos participaram ativamente das mortes, ou se omitiram. O inquérito será agora apresentado à Justiça de Marabá e ao Ministério Público do Pará, ao qual cabe verificar se há provas suficientes para indiciar todo o grupo.
Ontem (31), o delegado-geral Alberto Teixeira já havia antecipado a informação de que os investigadores tinham informações sobre o envolvimento direto de nove presos nas quatro mortes. Segundo Teixeira, os quatro foram encontrados com as algemas plásticas. Ainda de acordo com o delegado-geral, outros detentos poderiam vir a responder por omissão relevante, pois tinham como ver o que ocorreu.
Tanto os mortos quanto os suspeitos possuem marcas e arranhões, o que indica luta corporal, e por isso deverão ser feitos exames de DNA para confirmar quem cometeu os crimes.
Estrangulamento
Um laudo do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, do Pará, atestou que os quatro presos assassinados foram mortos por asfixia mecânica (estrangulados). A informação foi divulgada pela Secretaria estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (Segup), à qual o centro está vinculado.
Em nota divulgada na noite desta quarta-feira (31), a pasta informou que a perícia também demonstrou que, devido ao isolamento da parte interna do veículo, não é possível aos agentes escutar, da boleia, o que acontece dentro do baú do caminhão. Ainda de acordo com a pasta, como o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, proíbe que agentes prisionais viajem jungo com os detentos, no interior do baú do caminhão-cela, os presos estavam sendo monitorados por um sistema de quatro câmeras acompanhadas em tempo real a partir da boleia do veículo.
Segundo a Segup, houve uma falha na transmissão do sinal das câmaras quando o veículo passava por um trecho de estrada não-asfaltada – fato que, segundo a pasta estadual, ocorreu entre os municípios de Novo Repartimento e Marabá, possivelmente no momento em que os quatro presos mortos foram atacados.
A secretaria informou que os 30 detentos transferidos de Altamira na ocasião pertencem a uma mesma facção criminosa; já compartilhavam celas e participaram da chacina que deixou 58 mortos na última segunda-feira (29). Durante o transporte, eles estavam algemados, divididos em quatro celas que, juntas, tinham capacidade para até 40 pessoas. O estado não tem caminhão com celas individuais.