Por Agência Brasil|
O ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos, disse que não vê ilegalidade na liberação de emendas parlamentares pelo governo federal, feita antes da votação da reforma da Previdência na Câmara. Ramos assumiu o cargo no dia 4 e, entre outras atribuições, está responsável pela articulação política do governo. Hoje (12), ele reuniu jornalistas para um café da manhã no Palácio do Planalto.
Ramos explicou que existem as emendas parlamentares impositivas, em que o governo é obrigado a destinar os recursos para o projeto indicado pelo deputado ou senador, e as não impositivas, que são os recursos que a União tem para serem distribuídos, “que podem ser liberados em um momento crucial ou posteriormente”. Segundo ele, não foi criada nova despesa com os recursos liberados nesta semana.
Sobre as críticas de que a liberação de emendas é um recurso da velha política do “toma lá, da cá”, Ramos disse que “não existe nova ou velha política, política é política”, e que as críticas são feitas para dividir e “gerar calor” no momento. “É o processo democrático”, disse ele, explicando que isso era prática de governos passado, mas que agora está tudo “transparente, ninguém escondeu”.
De acordo com o ministro, os deputados usam os recursos para atender às necessidades de suas bases eleitorais, da população que o elegeu e que é preciso, sim, haver o controle para que tudo seja aplicado corretamente e que não haja desvios.
Previdência
O ministro Luiz Eduardo Ramos reconheceu o mérito da Câmara na aprovação do texto-base da reforma da Previdência, na última quarta-feira (10), e disse que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez discurso de estadista após a votação, que buscou o entendimento na articulação da matéria. Desde ontem (11), os deputados se concentram na votação dos destaques, que são propostas de mudanças. “Independentemente dos destaques, foi uma vitória significativa”, disse.
De acordo com Ramos, o presidente Jair Bolsonaro foi corajoso em enviar a proposta da nova Previdência ao Legislativo e respeitou a independência dos Poderes, mas, segundo o ministro, “ruídos e diferenças de opiniões sempre acontecem”. “Não é um momento complicado, é um momento maravilhoso de ajudar o Brasil”, disse. “Poderia ser melhor, mas é a possível, é a reforma que a democracia construiu.”
Ramos disse hoje que se reuniu com as bancadas evangélica e do agronegócio, mas que ainda está inciando o trabalho de articulação política e não está “com intenção de construir base” para o governo no Congresso. “Me sinto privilegiado em ser a ponte entre Executivo e Legislativo”, disse. “Vou buscar intensamente o diálogo.”
Novo embaixador
Sobre a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro nomear seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o ministro Luiz Eduardo Ramos disse que Bolsonaro tem esses momentos em que manifesta suas intenções, mas que é preciso aguardar os acontecimentos. “É direito manifestar suas intenções”, disse.
De acordo com Ramos, a possível indicação não contraria a lei, pois já houve indicações de políticos para embaixadas, como o ex-presidente Itamar Franco, embaixador do Brasil em Portugal em 1995. Para o ministro, entretanto, o anúncio poderia ter sido feito na semana que vem ou durante o recesso parlamentar, já que isso gerou ruídos durante a votação dos destaques da reforma da Previdência na Câmara. “Acabaram se utilizando disso. Vários deputados citaram a nomeação, que não tinha nada a ver com a votação”, afirmou.
Em transmissão de vídeo ao vivo hoje, em sua página no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro disse que vai esperar o momento certo para decidir se vai indicar ou não o filho Eduardo para o cargo. “Foi aventada, sim, essa possibilidade. O garoto fala inglês, espanhol, tem vivência no mundo todo e é amigo da família do [presidente dos Estados Unidos] Donald Trump”, disse.
O presidente afirmou que a indicação não seria nepotismo e destacou a experiência do deputado na área internacional e, ainda, sua atuação como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. “Ele quer o desenvolvimento para o Brasil, não é um aventureiro”, disse. Bolsonaro reforçou ainda que a decisão de aceitar a função cabe ao filho e que a indicação também depende da aprovação do Senado Federal. “Se meu filho for sabatinado no Senado, ele se sairia muito bem.”