MANAUS – Membro da equipe de investigação do MP-AM (Ministério Público Estadual) contra o ex-deputado estadual Wallace Souza, o ex-Procurador-Geral de Justiça, Fábio Monteiro, afirmou em entrevista ao ESTADO POLÍTICO que nunca existiu complô da instituição contra o político e ex apresentador de programa policial (morto em 2010), acusado de encomendar mortes para exibi-las na televisão.
Cassado, Wallace também foi denunciado por formação de quadrilha, posse ilegal de arma e associação para o tráfico.
Fábio Monteiro foi um dos entrevistados pela Netflix na série “Bandidos na TV”, que vai exibir detalhes do caso em forma de documentário. A série estreia na próxima sexta-feira (31).
“Havia uma argumentação muito forte por parte do ex-deputado (Wallace Souza) que haveria um complô, e nós sempre deixamos muito claro que, por parte do Ministério Público, isso nunca aconteceu”, disse Fábio Monteiro ao site.
Abaixo, a entrevista:
ESTADO POLÍTICO: Com o quê o sr. contribuiu para a série “Bandidos na TV”, da Netflix?
FÁBIO MONTEIRO: Na época da entrevista eu era Procurador-Geral de Justiça, mas a coleta não foi como procurador, mas porque eu integrava uma força-tarefa que investigou na época os fatos. Então os membros do Ministério Público designados eram: eu, o doutor Alberto Nascimento e Dr. Ronaldo Andrade. E aí, portanto, eu fui escolhido para falar em nome do Ministério Público, sobre o trabalho que o MP fez acompanhando as investigações. Por isso que eu dei a entrevista ali sobre o papel do MP-AM em todas as investigações.
ESTADO POLÍTICO: Quanto à posição do MP, à época, o sr. tem convicção de que foi a correta?
FÁBIO MONTEIRO: Com certeza. Nós acompanhamos as investigações da polícia, na época. Naturalmente, como instrumento de defesa, tudo como instrumento de defesa é natural, é compreensível. Havia uma argumentação muito forte por parte do ex-deputado (Wallace Souza) que haveria um complô, e nós sempre deixamos muito claro que, por parte do Ministério Público, isso nunca aconteceu. Nunca recebemos determinação do Procurador-Geral, na época era o Dr. Otávio. Nunca recebemos nada, nem nos submeteríamos a isso para agir contra ou a favor de ninguém. Nós acompanhamos as investigações e dessas investigações houve desdobramento, tanto que culminou com denúncias ofertadas por nós no Tribunal do Júri. O próprio tribunal do povo condenou. E na Vara de Entorpecentes diversas ações tramitaram por associação ao tráfico, que inclusive culminaram com a condenação dos outros. Então, o trabalho do Ministério Público foi sempre muito tranquilo e consciente de que os elementos de prova são robustos.
ESTADO POLÍTICO: O seu depoimento ao Netflix foi em 2017?
FÁBIO MONTEIRO: Quando eu fui procurado eles estavam coletando vários, eu não sei quanto tempo durou. O meu foi 2017 ou início de 2018, não sei, mas eu ainda era Procurador-Geral.
ESTADO POLÍTICO: Eles (Netflix) lhe adiantaram algo sobre a edição final da série?
FÁBIO MONTEIRO: Não, quando foram até lá, inclusive sob documentação, autorização, falaram que seria um documentário sobre os fatos, então iria se coletar depoimentos de pessoas que tiveram acesso, que participaram da investigação, que tinham algum conhecimento sobre o ocorrido. Na verdade, a nossa participação, a nossa fala ali, foi nesse sentido, do que o Ministério Público tinha a dizer sobre essa investigação.