MANAUS – Condenado a 15 anos de prisão por associação para o tráfico, o ex-deputado estadual Fausto Souza, em entrevista ao Estado Político, afirma que vai provar, na Justiça, sua inocência, e garante que nunca teve contato com traficantes ou mesmo drogas.
“Eu jamais tive algum envolvimento com tráfico de drogas nenhum, nunca coloquei uma maconha na minha boca”, disse Fausto.
Fausto, que atualmente ocupa o cargo de presidente da Associação dos Ex-deputados e ex-deputadas da ALE-AM (Assembleia Legislativa), falou sobre a estreia do documentário “Bandidos na TV”, inspirada na vida de seu irmão, o também ex-deputado Wallace Souza.
“Fomos muito procurados para falar, não quisemos”, contou Fausto.
Abaixo, confira a íntegra da entrevista com Fausto Souza:
Estado Político: O sr. comenta a sua condenação?
Fausto Souza: Não quero falar nada não, não. Já estamos entrando com o embargo já. O advogado está preparando, vou até para lá agora com ele, deixa sair o embargo.
Estado Político: O senhor está acompanhando o processo de perto, tinha esperança de que a Justiça não entendesse da forma que entendeu?
Fausto Souza: Vai entender no segundo grau. No segundo grau já vai entender.
Estado Político: Vocês já ingressaram com o recurso?
Fausto Souza: Estamos preparando, mas não fomos citados ainda, só após sermos citados. Após sermos citados nós temos 48 horas, os advogados já estão preparando os embargos e vamos defender. A gente respeita a Justiça, decisão de juízes ninguém discute, se cumpre. Mas vai dar tudo certo, se Deus quiser. Vou provar minha inocência.
Estado Político: Essas acusações do MP-AM são graves. O que é que o senhor pode falar dessas acusações?
Fausto Souza: Na verdade se você pegar o processo, a decisão dela, eu só tenho dois fatores, só tenho duas situações que ela cita, mas não prova. Acho que as provas serão apresentadas no entendimento do segundo grau, e a nossa esperança é isso, vamos respeitar a decisão dela, mas vamos recorrer, e eu com certeza vou provar minha inocência. Por que o povo me conhece, sabe do meu procedimento, da minha família, da minha vida, eu jamais tive algum envolvimento com tráfico de drogas nenhum, nunca usei droga, eu tenho 67 anos, nunca coloquei uma maconha na minha boca. Em um mundo atual desses, não sei o que é o gosto de uma maconha. Então, o programa era voltado a isso, vieram justamente contrapondo o que nós fazíamos, mas a gente está com muita esperança, estamos firmes com a família, com os amigos, eu não me abato, eu continuo trabalhando, eu continuo andando onde eu andava, eu vou para onde eu ia, por que eu só recebo das pessoas que me conhecem, das famílias que me conhecem, coisas boas, palavras de incentivo, que tenha fé em Deus, que tudo vai dar certo. Então é isso, vamos ver, a gente está trabalhando em cima disso aí e vamos, se Deus quiser, provar a minha inocência, como a do Carlos (Souza) também.
Estado Político: Atualmente o senhor preside a Associação dos Ex-deputados aqui da Assembleia Legislativa?
Fausto Souza: Nós temos a Associação, que foi criada ano passado, em dezembro e eu fui escolhido presidente. Tem os ex-deputados também, que são vice-presidentes, como o Lupércio (Ramos), tem o Maneca, tem o Abdala, tem o Augusto Ferraz. São 6 diretores e 6 conselheiros. A Associação está no sétimo andar, está engatinhando ainda, porque ela não tem recurso. Uma associação ela vive de doações e eu estou organizando, mas ela já está montada, está organizada. Eu espero que até o final do ano ela esteja fazendo algum trabalho comunitário, que é uma das minhas metas – fazer alguns trabalhos e atividades comunitárias, inclusive projetos de lei de ressocialização dos presidiários, dos presos, fazer com que eles levem para lá os projetos. Já tenho inclusive pronto, para que ele possa qualificar, principalmente o pessoal do semiaberto, levar um pedreiro, um carpinteiro, um pintor, um bombeiro hidráulico, marceneiro. Então isso aí são dez cursos que eu já estou elaborando. Essa vai ser a nossa contribuição da Associação e da presidência da Assembleia.
Estado Político: Quer dizer que Associação é custeada por doações?
Fausto Souza: Na Associação são os deputados que contribuem. Deputados com mandato são 24, cada um contribui com R$ 150 reais, que não é muito todo mês. O primeiro mês foi esse por sinal, mas nós temos despesa, nós temos dois funcionários.
Estado Político: Em linhas gerais, qual seria a função da Associação?
Fausto Souza: A Associação é uma associação como outras, todos têm. O Tribunal de Justiça tem a associação deles, a OAB tem a associação, o Ministério Público, elas são únicas, é o terceiro setor. É isso que está caminhando a humanidade, os projetos, então a gente está nessa linha do terceiro setor.
Estado Político: Pela função de vocês, vocês podem colaborar com os deputados? Como, por exemplo, sugerindo matérias, projetos?
Fausto Souza: Na verdade, uma das atribuições da Associação, pelas experiências dos deputados, que são associados, é de contribuir mais com os deputados de primeiro mandato, em termos de orientações. Vamos dizer, nós temos o Maneca, Nelson, que foi presidente da Casa, Lupércio, que foi três vezes presidente da Casa. Então, são deputados com muita experiência, deputado Nelson Azedo, foi três vezes deputado, então também tem uma contribuição de orientação, porque o deputado quando é novo, tem dificuldades de elaborar projeto de lei, de fazer indicativos, de fazer projetos de emendas ao governo, e isso aí a Associação se coloca a disposição deles, e eles tem nos ouvido bastante. É muito importante.
Estado Político: O senhor pretende voltar para a televisão?
Fausto Souza: Não, isso aí passou o que passou. E eu acredito que se você é de Manaus, você acompanhou o que foi Canal Livre no passado, principalmente na fase Wallace/Carlos, eu já fui no finalzinho. E mesmo assim ainda sobrou para mim. A gente fazia muita ajuda, a gente lutava muito pelo povo, as coisas que faziam aquelas famílias sofridas, às vezes ficavam horas e horas em filas de hospitais, em delegacias, e a gente tomava partido disso porque é onde elas achavam que tinham esperança, não tinha voz e vez no governo, e recorriam ao programa. O programa era forte, o programa parava Manaus. Assistiam 600 mil pessoas, então tinha essa força política, e eu acho que isso incomodava, incomodava muitas pessoas, que tem algum poder até hoje. Não vou citar nomes, isso aí fez com que desenrolasse toda essas situações em cima da gente, mas eu não respondo pelo Wallace, eu respondo por mim. O Carlos responde por ele. Mas tenho certeza absoluta de tudo o que eu fiz no programa, eu não tenho envolvimento com tráfico de drogas, não tenho nenhuma associação com traficante, não conheço, nunca vi, nunca fui lá. Eu fazia matéria, apresentava o programa e ia embora. Era essa que era a minha função naquela televisão.
Estado Político: E sobre a série da Netflix?
Fausto Souza: Na verdade, essa situação do Wallace, ela chamou atenção do mundo. Para você ter uma ideia, uma vez saiu no Facebook um programa que tinha aquele cantor, que tinha o Gil, foi até para o Japão, teve 2 milhões de visualizações, então ele era conhecido, mas o que chamou a atenção dele, foi a forma como foi feito, quando eles chegaram, que eles vieram de Londres. O (Daniel) Bogado, ele tem um prêmio, como se fosse um Grammy, ele é um camarada muito conceituado, que ele não pende nem para um lado nem para o outro. Ele veio para ouvir a população, para ouvir as pessoas, que na época de alguma forma por pressões falavam contra o programa, mas mudaram suas opiniões, começaram a ver que não era como diziam que era. Então foi feito 7 capítulos, de uma hora cada. Eu não dei depoimento, eu não falei nada, nem eu nem o Carlos, nós ficamos neutros nesse assunto. Os filhos lá que se pronunciaram, a irmã, o Ronaldo Tiradentes, Zacarias, pessoal dos blogs, Ministério Público, todo mundo deu sua opinião. E a gente está esperando para ver a forma que eles vão fazer. Não tem personagens e é em forma de documentário. Vamos ver o que vai acontecer.
Estado Político: Esses detalhes de quantos episódios, tempo de episódios, a produção que já lhe passou?
Fausto Souza: Eu não falo com nenhum deles, quem fala mais é o meu sobrinho Willace, que foi quem realmente levou ele para todos os cantos, mas pelo que eu sei são 7 episódios de uma hora cada.
Estado Político: Então quer dizer que nem o sr. e nem o Carlos Souza falaram? Não foram procurados ou não quiseram falar?
Fausto Souza: Fomos muito procurados para falar, mas não quisemos. É uma situação que aconteceu que não sou eu que vou dizer, eu acho que a credibilidade está naquelas pessoas que participaram, que conviveram, que viram o programa, que sabiam como era o programa, que sabiam como era a posição dos apresentadores. Eles que têm que dizer, se eles estavam certos ou estavam errados.